São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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Brasil não atingirá meta de vacinação

MARTA AVANCINI
DE PARIS

O índice de vacinação contra difteria, tétano e coqueluche no Brasil deve ficar abaixo da meta de 90% até o ano 2000 estabelecida pelo Unicef e OMS.
A estimativa consta do relatório "O Progresso das Nações", divulgado ontem pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). O documento é publicado anualmente e traz um balanço das condições de vida em 149 países.
Para fazer a projeção, o Unicef se baseou no ritmo de imunização entre 90 e 95.
"Não que o sistema de vacinação no Brasil seja ruim, mas existem muitas disparidades, por isso o país pode ficar abaixo do desejado", disse Marie Heuzé, porta-voz do Unicef em Genebra (Suíça).
O cumprimento da meta é importante para a redução da mortalidade infantil. Ao lado da diarréia, as três doenças são as que mais matam crianças, segundo Marie.
Para recuperar o atraso, o Brasil teria de fazer campanhas de vacinação em massa em associação com o Unicef e com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Mortalidade infantil
Em mortalidade infantil, o Brasil teve um desempenho abaixo da média da América.
Apesar de ter reduzido a taxa em 42% entre 80 e 95, o país é o 18º colocado entre 24 países americanos. Em cada grupo de mil crianças que nascem, 53 morrem no Brasil antes de 1 ano de idade.
A média das três Américas (do Norte, Central e do Sul) é de 34 crianças mortas para cada mil que nascem. Em todo o mundo, 89 crianças morrem em cada grupo de mil que nascem.
As disparidades existentes no Brasil ficam evidentes na análise do acesso a saneamento básico realizada pelo Unicef.
Entre 91 e 95, 72% da população brasileira tinha acesso à água potável e 44% ao saneamento básico. Apenas 28% da população era servida pelos dois.
"Se o atendimento fosse mais homogêneo, o Brasil teria índices de países desenvolvidos", disse a porta-voz do Unicef.
Para amenizar o problema, o relatório recomenda um compromisso dos governos no sentido de investir em saneamento básico.
O Unicef estima que, para reduzir a mortalidade infantil, os países pobres teriam de investir, em média, 20% de seu PIB (Produto Interno Bruto) em serviços e atendimento de base. Hoje, o investimento é de 7% aproximadamente.

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