São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Cruz vira símbolo em protestos individuais

Comerciante "crucificou-se" em poste da Paulista

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A cruz foi o símbolo utilizado por dois homens que fizeram protestos individuais na manifestação "Abra o Olho, Brasil" realizada em São Paulo.
Aristóteles Mesquita do Nascimento, 39, fez uma "via sacra" própria, carregando uma cruz de seis metros de comprimento e, segundo ele, 150 kg.
Luiz Moreira, dono de uma loja de materiais de construção, preferiu a própria crucificação: amarrou-se a uma cruz de quatro metros apoiada em um dos postes da Paulista.
Em comum, ambos tinham um discurso vago sobre as razões de suas manifestações individuais.
"É porque eu gosto de fazer protesto", respondeu Nascimento, que nasceu em Inúbia (BA) e há 15 anos vem a São Paulo trabalhar em demolições.
Nascimento iniciou sua carreira de protestos em setembro de 1995, no jogo da paz entre Palmeiras e Corinthians. Foi a primeira vez que carregou uma cruz, que era branca e verde.
Ontem, pendurou na cruz panelas, latas de óleo, uma bacia, uma pá e uma picareta. E escreveu em azul: "FHC o Brasil quer: emprego" e as palavras "fome" e "miséria" do outro lado.
Cortando as duas inscrições estavam as expressões "PT" e "PT 98". Apesar disso, Nascimento disse que não é petista.
Crucificação
O comerciante Moreira decidiu "crucificar-se" para protestar contra os políticos, que, segundo ele, são a "escória" do país.
Pendurado na cruz, Moreira tinha um pequeno séquito de ajudantes. Dois seguravam uma faixa e outros subiam numa escada para arrumar sua barba, que saía do lugar quando ele falava.

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