São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Polícia Civil rejeita greve e quer atacar PSDB

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Policiais civis de São Paulo, que decidiram ontem não entrar em greve, atribuíram o esvaziamento da assembléia à publicação do decreto do governador Mário Covas concedendo reajuste salarial para a polícia paulista.
Os policiais civis, em assembléia com participação inicial de cerca de 150 pessoas e depois de 70, decidiram contra-atacar o que consideraram "manobra". Eles querem reajuste maior do que o proposto pelo governo.
Eles dizem que vão pressionar os deputados estaduais a votar contra a proposta de Covas. Caso não obtenham sucesso, querem "minar" as bases eleitorais dos deputados do PSDB que não os apoiarem.
Os manifestantes esperavam que o governo aguardasse o fim do recesso dos deputados estaduais, que irão votar projeto de lei sobre os aumentos dos policiais.
Com isso, poderiam, eventualmente, contar com mais apoio da base da categoria para tentar novas negociações com o governo ou com os deputados.
Com a publicação do decreto, os contracheques dos policiais civis e militares de agosto já virão com os novos reajustes. Para a Polícia Civil, os aumentos foram de 5,1% a 34%, e para a PM, entre 8,5% e 34%, ambos sobre o salário-base.
"Queremos reajuste maior ou que sejam revistos os aumentos menores", disse o líder da coligação das entidades da Polícia Civil, Lourival Carneiro, que se considerou "decepcionado" com o número de policiais presentes na assembléia. Ele esperava 1.200.
Os policiais aprovaram a proposta do presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de São Paulo, Paulo Roberto Siquetto, de "fazer um levantamento do reduto eleitoral de cada deputado estadual e pressionar para que vote contra a proposta do governo".
Para isso, os policiais formarão um "QG (quartel-general)". "Nele, teremos informação dos deputados do PSDB e dos outros partidos que apóiam o governo que não estão do nosso lado. Nós temos uma força latente que poderá pressionar os cabos eleitorais do deputado a convencê-lo a votar contra o governo", disse Siquetto. Os policiais irão fazer manifestação na Assembléia Legislativa em agosto.
Governo O secretário interino da Segurança Pública, Luiz Antônio Alves de Souza, disse que a publicação do decreto dos reajustes salariais não foi "manobra".
"O governador Mário Covas já havia assumido compromisso de que o reajuste dos policiais seria retroativo a 1º de julho. O governo apenas antecipou esse anúncio."
O secretário disse que não se incomoda com a decisão dos policiais de "atacar as bases dos deputados estaduais favoráveis ao projeto do governador", conforme disse Siquetto.
Segundo Souza, a proposta do presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia de São Paulo, Lourival Carneiro, de uniformizar pelo índice máximo (34%) os reajustes escalonados, só pode ser apreciada por Covas.

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