São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Os 14 meses de FHC

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Faltam cerca de 14 meses para a eleição de 3 de outubro do ano que vem, quando FHC pretende disputar mais um mandato presidencial.
Serão, tudo indica, 14 meses de inferno para ele.
As manifestações de ontem foram apenas uma amostra do que pode vir por aí. Começa a acontecer no país aquilo que alguns políticos experientes vêm anunciando há tempos.
Depois de o Plano Real ter elevado um pouco o nível de vida da população mais pobre, esse grande efeito positivo parece estar ficando diluído na memória das pessoas.
Agora que já comem mais frangos e tomam mais iogurte, os brasileiros começaram a ter outras aspirações.
O problema é que essas outras aspirações só são alcançadas com salários melhores. E há um evidente esgotamento para o crescimento dos salários com o atual ritmo da atividade econômica. Daí derivam as manifestações e as greves.
A grande dúvida que alguns estrategistas do governo tinham era sobre qual seria a duração exata do efeito-satisfação dos brasileiros no pós-real. Na Argentina, essa lua-de-mel foi mais duradoura.
O fato é que a Argentina nunca foi um parâmetro ideal para o Brasil. Exceto no que se refere a alguns desastres que ocorrem no país vizinho e depois são repetidos por aqui.
Infelizmente, ainda não há no Brasil uma pesquisa científica recente que aponte os desejos das pessoas a respeito das suas aspirações pessoais. E como relacionam isso com o governo e com a atividade econômica.
Até agora, as pesquisas continuam a demonstrar que o brasileiro adora o Plano Real. Mas ninguém sabe direito se esses mesmos brasileiros estão satisfeitos com o ritmo pessoal de desenvolvimento que têm.
A julgar pelas recentes demonstrações públicas, é correto supor que as pessoas se sentem compelidas a pedir mais. Acostumados ao paternalismo, os brasileiros pedem ao governo.
Pedirão a FHC. Que terá 14 meses de campanha para dizer sim ou não.

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