São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997
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Caos financeiro marca gestões no Estado

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ

No dia 17 de julho, quando o governador licenciado de Alagoas, Divaldo Suruagy, entregou o cargo ao vice, Manoel Gomes de Barros, acendeu o sinal vermelho da desconfiança no Palácio do Planalto.
O ministro da Justiça, Iris Rezende, e o chefe da Casa Militar, general Alberto Cardoso, estiveram no Palácio dos Martírios -sede do governo alagoano- para discutir a crise com o novo governador.
Suruagy os recebeu sentado na poltrona de governador. Barros ocupava uma cadeira lateral. Segundo uma fonte do governo de Alagoas, Iris saiu do encontro desconfiado de que a troca de comando pudesse ser uma farsa.
A credibilidade do governo alagoano, como mostra esse episódio, está por um fio. O governador interino, Manoel Gomes de Barros, diz que espera equilibrar as contas até o início do ano que vem e que não teme ser substituído por um interventor.
"A crise é tão grande, que um interventor não poderia fazer nada diferente do que estou fazendo. Não há solução sem ajuda do governo federal", afirmou.
O caos financeiro atual de Alagoas é obra de vários governos. O ex-presidente Fernando Collor de Mello, que governou o Estado de março de 1987 a maio de 1989, empobreceu o cofre em pelo menos R$ 600 milhões, ao assinar dois acordos para devolução de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) aos usineiros.
Outra herança deixada por Collor foi o prejuízo de mais de R$ 40 milhões causado pela estatização, em março de 87, de três empresas de ônibus que faziam 70% das linhas de Maceió. A empresa faliu nas mãos do Estado, e sua sede virou um cemitério com mais de duzentos ônibus parados.
O governo Suruagy e a Assembléia Legislativa do Estado contribuíram aumentando os salários do funcionalismo público.
Em janeiro de 95, os deputados aumentaram seus salários para R$ 6.000, o que provocou reajustes em cadeia para os secretários de Estado, promotores, desembargadores, procuradores, delegados de polícia e fiscais de renda.
Segundo o presidente da Assembléia, João Neto (PSDB), que assumiu o cargo no ano passado, a folha de pagamentos dos três poderes -Legislativo, Executivo e Judiciário- chegou a R$ 52 milhões.
Neto diz que o Tribunal de Justiça de Alagoas consome 7,1% do orçamento fiscal e é, proporcionalmente, o mais caro do Nordeste. A Assembléia, segundo ele, gasta 6,4% do orçamento fiscal e só perde para a do Piauí.

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