São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997
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SAÚDE URGENTE

O Brasil coleciona poucos sucessos na área de saúde pública. Embora seja um dos países com alguns cientistas de ponta em áreas tão diversas como a imunologia (vacina contra a malária) e técnicas revolucionárias para determinadas cirurgias cardíacas, trata-se de uma nação em que o mal de Chagas, a febre amarela, a dengue e inúmeras outras doenças típicas de Terceiro Mundo ainda reinam e ceifam vidas.
Mesmo levando em conta essas agruras, até há pouco o país podia orgulhar-se de, por meio de campanhas maciças de saúde pública, ser capaz de manter controladas ou até erradicar algumas doenças.
Foi o caso da poliomielite, já considerada inexistente no país (feito que mesmo nações desenvolvidas ainda não conseguiram realizar). Mas esse sucesso contrasta com outras questões graves. Tomando o exemplo do sarampo, moléstia que aqui já foi considerada próxima da erradicação, pode-se dizer que houve um retrocesso. A doença já adquire perfis epidêmicos mesmo em São Paulo, o Estado mais rico do país.
A causa direta dessa reversão é antes de mais nada a falta de um cuidado maior com a regularidade e qualidade das campanhas de vacinação.
De acordo com projeções da ONU, o Brasil não deverá atingir até o ano 2000 a meta de cobertura vacinal de 90% das crianças contra a tríplice bacteriana (difteria, coqueluche e tétano); esse índice dificilmente ultrapassará os 81% da população entre 0 e 5 anos, segundo o mesmo relatório. Os dados das secretarias de saúde estaduais sugerem agora números ainda mais preocupantes.
Para um país que já foi apontado como campeão em imunização, esse recente relatório das Nações Unidas apenas revela que a descontinuidade de programas como a vacinação compromete a saúde dos cidadãos. Sobretudo no que se refere a crianças que estão morrendo de doenças que há muito tempo já são controláveis.

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