São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997
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Racha anunciado

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Ninguém acredita que o PFL queira algum dia abandonar o governo. Ou, melhor dizendo, abandonar qualquer governo.
Isso ficou evidenciado no teatro armado por Luís Eduardo Magalhães na semana passada. Mas isso não é o mais importante.
Os eventos recentes da política nacional demonstram que o PFL fala sério, pelo menos, quando afirma querer disputar para valer a Presidência da República em 2002.
Em 2002, no caso de FHC ser reeleito no ano que vem, o país terá de ter um chefe diferente. Até agora não consta que o presidente queira aprovar uma nova emenda constitucional permitindo duas reeleições.
Como são experientes, os pefelistas sabem que uma eventual candidatura própria em 2002 tem de ser urdida a partir de já. Afinal, as costuras políticas para as alianças da eleição do ano que vem estão sendo feitas agora.
E é o resultado das eleições de outubro de 1998 que vai determinar o peso político de cada partido na cena nacional. A sigla com a maioria de governadores, deputados federais e senadores terá uma dianteira considerável na preparação do candidato a presidente mais viável para 2002.
É por isso que as relações do PFL com o governo serão forçosamente cada vez mais conflituosas. Não é o caso, é claro, de confundir isso com um eventual rompimento.
O rompimento está previsto para depois da eleição do ano que vem -sendo FHC reeleito ou não.
De novo, vale ressaltar que não se trata de uma postura nova, mais altiva, do PFL. É apenas uma questão de sobrevivência política. Os pefelistas sabem que o número de partidos fortes tende a definhar no Brasil. É uma tendência global. Aqui não será diferente.
E, para ser forte, uma sigla tem de aspirar o maior posto do país.
Esse racha anunciado entre o PFL e o PSDB não é um problema para o partido. Será uma dor de cabeça muito maior para FHC. Afinal, se for reeleito, terá de se virar apenas com os tucanos para apoiá-lo no Congresso.

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