São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Coronel apela para Deus iluminar grevista

ARI CIPOLA

ARI CIPOLA; RODRIGO VERGARA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Subcomandante da Polícia Militar pede para que subordinados encerrem greve; lideranças se reúnem hoje

RODRIGO VERGARA
A greve das polícias Civil e Militar de Alagoas dura pelo menos mais dois dias, apesar dos apelos feitos pelos oficiais do Exército que assumiram, por indicação do governo federal, os comandos da Secretaria da Segurança Pública e da Polícia Militar.
Uma nova assembléia para decidir sobre o fim da greve deverá ser marcada hoje, em uma reunião dos líderes de todas as categorias de servidores paralisadas. O encontro está marcado para as 15h, no Clube dos Oficiais da PM.
Ontem, em reunião com todos os 570 oficiais da corporação no Estado, o subcomandante da PM, coronel Aílton Pimentel, apelou a Deus para tentar convencer os subordinados a voltar ao trabalho.
"Gostaria que vocês se voltassem para Deus para que ele os ilumine em suas decisões", disse o coronel, em um discurso brando, sem ameaças. Ele pediu "gratidão" dos policiais à corporação.
Os policiais não aceitam a proposta do governo, de pagamento escalonado de seis salários atrasados. Eles querem pagamento de todos os atrasados.
Segundo o comando da PM, uma parte dos policiais já voltou ao trabalho. Duas delegacias da Polícia Civil estariam funcionando e cerca de 22% dos PMs teriam voltado ao trabalho no final de semana. Os grevistas contestam os números.
O secretário da Segurança Pública, general José Siqueira da Silva, também foi complacente em suas declarações sobre a greve. "O comando de greve está com a faca e o queijo na mão, mas está na hora de trabalhar um pouco, porque Alagoas está precisando", disse.
O comandante da PM, o coronel do Exército Juaris Weiss Gonçalves, não foi à reunião com os oficiais porque estava em outro encontro, do governador interino Manoel Gomes de Barros com o novo secretariado. Na reunião, os oficiais do Exército disseram que a negociação com os grevistas está "melhor do que se esperava".
Segundo Pimentel, o comandante também levaria ao secretário da Segurança outros pedidos além do salarial, para melhoramento das condições de trabalho da PM.
Entre os pedidos, Pimentel citou o retorno das refeições para os policiais em serviço e melhoria dos alojamentos. A Polícia Civil também fez pedido nesse sentido.
A greve dos policiais civis pode perder hoje a adesão dos delegados. Em reunião com o secretário, um grupo de delegados prometeu dar um "voto de confiança" para o novo governo, mas ressaltou que uma posição final sobre a paralisação só poderia ser tomada hoje.

Texto Anterior: PM descarta dar anistia a grevistas e investiga líderes
Próximo Texto: Delegados-gerais escolhem hoje novo líder
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.