São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997
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PM descarta dar anistia a grevistas e investiga líderes

FÁBIO GUIBU
LUIZ FRANCISCO

FÁBIO GUIBU; LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Promessa de não punir PMs faz parte de acordo que encerrou greve

A Polícia Militar de Pernambuco descartou ontem a possibilidade de dar anistia aos policiais da corporação eventualmente condenados por participação na greve por melhores salários, encerrada domingo à noite.
A promessa de anistia para todos os grevistas faz parte do acordo fechado entre os policiais e deputados estaduais que intermediaram as negociações para o fim do movimento. A paralisação durou 12 dias.
Segundo a PM, eventual perdão só poderá ser concedido pelo presidente da República, a pedido do condenado. "Nem a Assembléia Legislativa nem o Estado têm esse poder", disse o corregedor da corporação, coronel José Ramos.
A notícia gerou desconfiança entre os líderes da greve. "Fizemos um acordo e acreditamos que será cumprido", disse o capitão Alberto Feitosa. "Cumprimos a nossa parte", declarou, referindo-se à volta ao trabalho, ontem.
Feitosa disse que, caso haja punição, os PMs serão convocados para nova assembléia da categoria. O capitão não quis comentar a possibilidade de nova paralisação.
O processo de abertura de inquéritos para investigar a responsabilidade dos grevistas no movimento começa hoje em todo o Estado.
Oficiais que não participaram da greve serão responsáveis pelas investigações em cada unidade militar. Ao todo, cerca de 50 inquéritos serão instaurados.
Os grevistas, disse o corregedor, poderão ser punidos com penas que variam de simples advertência à prisão por até oito anos e expulsão da corporação. As investigações terão de ser concluídas em, no máximo, 60 dias.
Até as 18h de ontem, o governo e os deputados envolvidos na negociação não haviam comentado a possibilidade de não poder cumprir o acordo fechado com os PMs.
Contratação
Mesmo com a volta dos PMs aos quartéis, ontem, o governo pernambucano manteve a disposição de contratar mil novos policiais e bombeiros.
O edital com os critérios de seleção deverá ser divulgado hoje pela manhã. A intenção do governo é formar uma "tropa leal ao Estado", em caso de nova paralisação.
"Para o governo formar uma tropa leal é necessário primeiro respeitar o soldado e não contratar mais policiais", disse Feitosa.
A volta dos 17 mil militares ao trabalho ocorreu "sem problemas", segundo a PM. Um terço dos postos policiais, porém, não funcionou, porque 14 deles foram depredados, dois arrombados e seis incendiados durante a greve.
O Exército, que substituiu os PMs nas ruas, retirou suas tropas de Recife e suspendeu a segurança na sede do governo do Estado.
Com o acordo, o salário de um soldado de terceira classe passa de R$ 283 para R$ 412,21. Os coronéis, que recebiam R$ 2.313,09, passarão a ter direito a remuneração de R$ 2.630. O soldo, de R$ 74,21, continua o mesmo.

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