São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997
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MST invade 5 fazendas em Pernambuco

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Trabalhadores rurais ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram nas últimas 48 horas cinco fazendas localizadas no interior de Pernambuco. Somente na madrugada de ontem, três fazendas foram invadidas.
Esse foi o maior número de fazendas invadidas em apenas dois dias desde que o MST começou a funcionar em Pernambuco, há seis anos.
Na madrugada de ontem, cerca de 200 famílias (aproximadamente 900 pessoas) invadiram os 800 hectares da fazenda Moreno Engenho, localizada em Moreno (28 km de Recife).
"A fazenda estava completamente abandonada havia três anos", disse o líder do MST no Estado, Jaime Amorim.
Também na madrugada de ontem cerca de cem famílias (aproximadamente 500 pessoas) invadiram a fazenda Cerro Azul. Localizada em Bonito (135 km da capital), a fazenda tem 1.800 hectares.
A última fazenda invadida pelos integrantes do MST na madrugada de ontem em Pernambuco foi a Sanharó.
Jaime Amorim disse que desde as 4h de ontem 120 famílias (cerca de 600 pessoas) estão ocupando os 2.000 hectares da fazenda, localizada em Buíque (238 km de Recife, no sertão pernambucano).
No sábado, outras duas fazendas foram ocupadas em Pernambuco -Prado, em Capoeiras (250 km de Recife) e Ponta da Serra, em Araripina (680 km da capital).
Juntas, as duas fazendas têm 2.050 hectares e foram invadidas por 330 famílias (aproximadamente 1.650 pessoas).
Atualmente em Pernambuco 53 fazendas estão sendo invadidas por cerca de 8.000 famílias. Jaime Amorim disse a área das fazendas soma 80 mil hectares.
"Fizemos uma invasão pulverizada em todo o Estado para mostrar que a reforma agrária não pode ficar restrita a apenas uma região de Pernambuco", disse o líder do MST.
Segundo Jaime Amorim, o MST encaminhou ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) pedido de vistoria para todas as fazendas invadidas nas últimas 48 horas. "O Incra ainda não tomou nenhuma providência."
A assessoria do Incra informou ontem à tarde que não vai vistoriar as fazendas invadidas pelos trabalhadores rurais.
Segundo a assessoria, o governo federal determinou que somente as fazendas que não forem invadidas devem ser vistoriadas.
Até a tarde de ontem o delegado especial Aníbal Moura ainda não tinha identificado o autor dos dois tiros que provocou a morte do trabalhador rural Severino Marcolino da Silva, 36.
O trabalhador foi morto no último sábado, nas proximidades da fazenda Caramazal, em Nazaré da Mata (64 km de Recife).
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o trabalhador rural teria reagido a uma tentativa de assalto.

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