São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997
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Trabalhadores rurais ameaçam matar cabeças de gado no MS

RUBENS VALENTE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A coordenação do acampamento dos trabalhadores rurais sem terra que invadiram a Fazenda Mestiço, em Itaquiraí (a cerca de 350 km de Campo Grande-MS), ameaça matar parte das 470 cabeças de gado retidas desde a ocupação, no último dia 18.
"Vamos convocar toda a imprensa para ver o abate", disse Gilberto da Silva, um dos coordenadores da invasão, organizada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Para não matar os animais, os sem-terra querem que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o governo do Estado consigam cestas básicas para as 2.163 famílias acampadas na região.
O dono da fazenda e dos animais, Orencir Rodrigues da Silva, registrou queixa nas polícias Civil e Federal de Naviraí. O advogado do fazendeiro, Wilson Hirata, 43, disse que cerca de 40 vacas já teriam sido abatidas.
Vistoria
Egídio Brunetto, 40, da coordenação nacional do MST, admitiu que "quatro ou cinco" animais foram mortos, mas disse que eles foram sacrificados porque tiveram as patas machucadas, ao serem apartados num curral da fazenda.
O advogado Hirata disse que o Incra atestou, com uma vistoria no final de 95, que a área é produtiva e não pode ser desapropriada para fins de reforma agrária.
Segundo Hirata, a propriedade, de 4.800 hectares, possui 4.000 cabeças de gado, 700 hectares de plantação de milho, 250 de trigo e 2.300 hectares de pastagens.
Jaime Bellintani, 41, chefe de gabinete do secretário da Segurança Pública e interlocutor do governo com o MST, disse que a posição do governo é negociar a alimentação para os sem-terra somente após eles deixarem a Fazenda Mestiço.

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