São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONGRESSO REPROVADO

O presidente da Câmara fez um balanço altamente positivo da convocação extraordinária do Congresso. Infelizmente, sua avaliação não corresponde ao sentimento geral da sociedade nem, muito menos, atende à urgência das reformas de que o país necessita.
Afora as declarações protocolares de Michel Temer (PMDB-SP), para quem a convocação foi "um sucesso", e para além do elogio do presidente da República ao "empenho" do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), impõe-se uma análise mais objetiva dos fatos.
Dos seis projetos previstos pelo Planalto, a Câmara foi capaz de aprovar apenas dois: o FEF (Fundo de Estabilização Fiscal) e a reforma administrativa, ainda assim em primeiro turno, ao contrário do que inicialmente se esperava.
Para agravar o saldo insatisfatório, no que tange à reforma administrativa, permanece indefinida a quebra da estabilidade do servidor. O dispositivo mais importante da reforma, que autoriza a demissão por excesso de gastos com pessoal, foi adiado. Além disso, o novo Código Nacional de Trânsito e a Lei Eleitoral não foram sequer tocados.
Como se não bastasse esse resultado discreto obtido pela Câmara após um mês de trabalho em regime extraordinário, o Congresso, desta vez por meio do Senado, foi palco de outra façanha que contribuiu para macular ainda mais a sua imagem.
A forma com que Antonio Carlos Magalhães recusou-se a receber o relatório final do senador Roberto Requião (PMDB-PR) sobre a CPI dos Precatórios, numa manobra política que visa beneficiar os nomes de maior projeção envolvidos no escândalo, foi altamente inconvincente.
O que está em jogo, nesse caso, é o interesse público e a moralidade da República. O episódio fechou de forma melancólica uma semana em que o Congresso esteve mais preocupado em resolver o choque entre o ministro Sérgio Motta e os partidos governistas do que em fazer andar as reformas. Mais uma vez, é preciso dizer aos parlamentares que é das reformas -e não de teatro- que o país precisa.

Texto Anterior: DEPOIS DA GREVE
Próximo Texto: ENSINO MUNICIPALIZADO
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.