São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997
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A PM confessa inutilidade

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Que o aparelho policial brasileiro é um desastre não chega a ser propriamente uma grande novidade.
Novidade é o fato de um dos coronéis confessar abertamente a falência pelo menos da Polícia Militar de Pernambuco.
"Nós não sabíamos que havia tanto bandido por aqui", surpreendeu-se o corregedor da PM pernambucana, coronel José Ramos, ao discursar no ato que pôs fim à greve.
Se a polícia nem sabe que há tantos criminosos dando sopa por aí, é óbvio que tampouco sabe como prevenir os crimes, uma de suas funções primárias. Aliás, a mais importante. O depoimento do coronel Ramos deixa claro que a PM só serve, quando serve, para prender delinquentes depois de praticado algum delito.
Evitá-los, nem pensar, já que os PMs ignoram até a quantidade de criminosos em ação. Foi necessário parar de trabalhar para descobrir quanto trabalho deveria fazer e não faz.
É óbvio que o mesmo raciocínio vale para as PMs dos demais Estados.
É por isso que a mídia vive informando onde se consome "crack", quais são os cruzamentos nos quais há maior quantidade de assaltos a motoristas e assim por diante e nada acontece. A PM não investiga, até por não ser sua função. Mas, como a Polícia Civil também não o faz, o país fica nesse estado de insegurança pública permanente.
Não é a hora certa para discutir para que serve, afinal, a PM, se não investiga, se não sabe o tamanho do problema que enfrenta e se apenas reprime (mal) a criminalidade?
PS - Antes que passe a ser verdade: é tolice pura dizer, como o fizeram nos últimos dias o vice-presidente, Marco Maciel, e o senador Antonio Carlos Magalhães, ambos do PFL, que a candidatura FHC só decolou depois da aliança com o PFL. Até a PM sabe que foi depois do lançamento do Plano Real e por conta deste, única e exclusivamente.

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