São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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Greve perde força e pode acabar amanhã

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Os policiais civis e militares de Alagoas estão voltando ao trabalho paulatinamente. A greve das polícias pode acabar amanhã, quando assembléia do comando unificado vai decidir pelo fim ou manutenção do movimento, que vem perdendo força.
Iniciada no último dia 11, a greve dos policiais militares ontem atingia apenas a metade dos 8.200 homens da corporação. No final de semana, as ameaças do comando tinham colocado nas ruas apenas cerca de 20% das tropas.
O retorno parcial ao trabalho é um indicativo do fim do movimento, que cobra o pagamento de seis folhas salariais atrasadas. A greve facilita o enquadramento dos faltosos em ações punitivas.
"A greve vai acabar não pelo governo nem pelo comando do Exército, mas pela sociedade e pela saúde disciplinar dos soldados que mantêm o movimento e por isso estão inseguros", disse o vice-presidente da Associação dos Oficiais da PM, major Jean Paiva.
O comando da PM, exercido pelo coronel do Exército Juaris Weiss Gonçalves, informou que havia "operacionalidade" em todos os batalhões, apesar de nem todos os PMs terem retornado ao trabalho.
Os PMs alagoanos queriam uma proposta de regularização dos salários atrasados de forma mais rápida do que a feita pelo governo, que é de pagar 2,5 salários até o dia 15 de agosto.
Além das ameaças de punições disciplinares, os policiais enfrentam pressões da sociedade para que retornem ao trabalho. A violência aumentou muito em Maceió nos últimos três dias.
Somente na capital foram registrados 12 assassinatos no final de semana, o dobro da média.
Ontem, cinco corpos foram encontrados jogados nas calçadas da periferia da cidade. Um deles ficou 14 horas até que fosse recolhido por um carro particular.
A greve da Polícia Civil, que completou ontem 15 dias, paralisa o serviço de coleta de corpos.
Ontem, 100 dos 147 delegados alagoanos decidiram, em assembléia, retornar ao trabalho.
"Vamos dar um voto de confiança ao general que assumiu a Secretaria da Segurança Pública", afirmou o presidente da Associação dos Delegados de Alagoas, José Oliveira Barbosa.
O secretário e general do Exército José Siqueira da Silva disse aos delegados, durante a assembléia, que o movimento das polícias alagoanas foi vitorioso e justo.
"Vocês tiraram do governo quem vocês julgavam culpado, conseguiram um calendário de pagamento dos atrasados e o fim do acordos dos usineiros", afirmou.

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