São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Stedile duvida de reeleição de petistas

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder nacional do MST João Pedro Stedile disse ontem que não acredita na reeleição dos dois governadores do PT, Vítor Buaiz (ES) e Cristovam Buarque (DF), por causa da crise financeira dos Estados e do Distrito Federal.
Stedile afirmou que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) fará campanha a favor do presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. "O pessoal gosta do Lula. Pode não gostar do PT", disse ele.
Para o coordenador da entidade, "o Buaiz e o Cristovam não se reelegem". Isso porque, na sua avaliação, "os governos estaduais (e o do Distrito Federal) estão pagando o pato", referindo-se à suposta contenção de gastos imposta pelo governo federal.
Segundo ele, esse problema não é exclusivo dos governadores petistas. Na sua opinião, "todos os governadores não têm chance de se reeleger". A crise financeira, disse Stedile, afeta principalmente os Estados agrícolas.
Ele citou a situação do Paraná como exemplo. Segundo ele, o governador Jaime Lerner (PDT-PR) tinha 70% dos votos para se reeleger.
"Hoje, a economia agrícola do Paraná está quebrada", disse. Ele previu que o senador Roberto Requião (PMDB-PR) irá ganhar com folga: "Vai se eleger assoviando".
Segundo Stedile, o MST decidiu apoiar Lula em 98, mas quer que ele faça uma campanha mais popular. "Queremos em 98 o Lula de 89 porque em 94 ele foi mais estadista, mais burocrático. A assessoria dele se iludiu com aqueles índices de intenção de voto, que davam ele em primeiro. Sentaram na bola, e o jogo continuou", disse.
Stedile defendeu a montagem de rádios comunitárias "piratas" nos assentamentos do MST pelos professores que participam do 1º Enera (Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agrária). O evento será realizado até amanhã na Universidade de Brasília.
Anteontem, ele defendeu a ocupação de escolas públicas fechadas nas cidades por falta de recursos das prefeituras. "Se não há dinheiro, as comunidades têm que ocupar as escolas públicas fechadas para fazê-las funcionar", disse.
Na próxima semana, o MST pretende ter uma nova audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso para reivindicar o aumento da meta de assentamentos deste ano e dos recursos destinados à reforma agrária.
Rainha
O líder do MST José Rainha Jr. disse que os agricultores devem voltar a protestar no Pontal do Paranapanema (oeste do Estado de São Paulo) por causa da indefinição do governo sobre a compra de uma fecularia (indústria beneficiadora de mandioca) na região.
"A safra de mandioca deste ano está praticamente comprometida. Será difícil segurar os agricultores", disse Rainha, coordenador das ações do MST no Pontal.
A compra da fecularia de mandioca foi acertada em maio passado, após a chegada da marcha nacional dos sem-terra a Brasília, em audiência com o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária).

Texto Anterior: Governo estuda autonomia tributária
Próximo Texto: Cuidado: arma-se uma nova tunga
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.