São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BC pede investigação sobre Pitta e Vieira

VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Antes de anunciar o seu pedido de demissão, o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, disse à Folha pela manhã que o banco encaminhará notícia-crime ao Ministério Público contra políticos envolvidos no esquema dos precatórios.
Entre eles, o atual prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PPB), o governador Paulo Afonso Vieira (PMDB-SC) e o governador licenciado Divaldo Suruagy (PMDB-AL).
A notícia-crime deve ser encaminhada até a primeira quinzena de agosto e atingirá também ex-funcionários da Prefeitura de São Paulo. Cada caso deve virar uma notícia-crime em separado.
Pitta deve ser enquadrado na Lei do Colarinho Branco (crimes contra o sistema financeiro) e improbidade administrativa.
Paulo Afonso e Divaldo Suruagy serão denunciados por prática de falsidade ideológica.
O ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PPB), padrinho político de Pitta, e o governador de Pernambuco, Miguel Arraes (PSB), conseguiram escapar dos trabalhos feitos pelos fiscais do BC.
No relatório que será entregue ao Ministério Público, deve constar que Pitta contribuiu para a prática de "formação de preços".
Ou seja, depois que tomou posse, ele assumiu a responsabilidade de definir para quais corretoras seriam vendidos os títulos e as taxas cobradas. Tudo sem licitação.
Os assessores de Pitta envolvidos no escândalo dos precatórios devem constar na notícia-crime por prática de formação de quadrilha.
Já está certo que dois deles serão citados: Wagner Baptista Ramos (ex-coordenador da dívida pública paulistana) e seu assessor Pedro Neiva Filho. Todos foram ouvidos na CPI dos Precatórios.
Encaminhada a notícia-crime, o Ministério Público deve analisá-la e, se a considerar procedente, apresentar denúncia ao Judiciário. Os crimes contra a Lei do Colarinho Branco têm penalidades entre 2 e 12 anos de prisão e multa.
O BC deve apresentar uma notícia-crime com dados que vão além das investigações feitas pela CPI dos Precatórios. Antes mesmo da criação da CPI, o BC formou um grupo especial de auditores para investigar operações suspeitas feitas no mercado financeiro.
O grupo é subordinado diretamente ao diretor de Fiscalização do BC, Cláudio Mauch. Os fiscais não investigaram somente operações com títulos públicos, mas também com papéis privados.
O BC também continua investigando o destino dos recursos obtidos ilegalmente com as operações de venda de títulos públicos para pagamento de dívidas judiciais (os precatórios).

Texto Anterior: Mortos em Eldorado não eram sem-terra
Próximo Texto: Leia quais são as acusações
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.