São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997 |
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Cenas da batalha
NELSON DE SÁ
Enquanto os policiais legalistas se protegiam dos tiros e pedras atrás dos escudos, o comandante permaneceu em pé. Chegou a dar as costas aos policiais rebelados, entre os tiros. Depois, arma na mão, o braço sangrando, gritava: "Vem! Vem!" O comandante geral, já dentro do carro, com a cabeça sangrando, a camisa ensopada, apoiado em outro policial, gritava de dor. Outras duas cenas: Um policial legalista fala aos berros com outro, com o mesmo uniforme, mas rebelado, seu amigo ou conhecido. Acabou empurrando o rebelado, que fugiu. A locução descreve que a "tropa de elite" se colocou à frente do quartel, para conter uma invasão dos rebelados -enquanto as imagens mostravam um policial "de elite" que calçava chinelo. * - Assistimos, estes últimos dias, a algumas demonstrações que, francamente, não são para um país que já tem o grau de democracia e de avanço do Brasil. Era FHC falando em São Paulo, poucas horas antes da batalha entre os policiais no Ceará. O presidente tratava, sobretudo, das demonstrações dos próprios policiais de Alagoas e outros. Tinha o rosto cansado e falava sem forças. Parecia, "francamente", não acreditar que coisas assim pudessem corromper a imagem de "avanço" que ele faz do Brasil sob seu governo. Fernando Henrique Cardoso, que sempre buscou ser o mais realista dos políticos, pelo menos no discurso, parece não estar acreditando que a realidade seja outra. * O país em tiroteio e a entrevista de Pedro Malan, ao vivo na Globo News, sobre a saída de Gustavo Loyola, foi a mais segura, a mais firme de todas as que já concedeu. A equipe econômica vive outra realidade. Texto Anterior: Empresa vê 'campanha' Próximo Texto: Rio quer levar papa a presídio e hospital Índice |
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