São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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Jereissati não negocia e quer punir manifestantes

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS (MA); FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), pediu ontem ao secretário estadual da Segurança Pública e Defesa da Cidadania, general Cândido Vargas de Freire, que providencie a identificação dos policiais civis e militares que participaram do protesto ontem.
Os PMs identificados deverão ser exonerados, e os policiais civis, afastados de suas funções e submetidos a inquérito administrativo. O governo do Estado vai convocar hoje novos policiais militares, além de inativos, pensionistas e da reserva, para trabalhar.
Jereissati alegou que a situação é "emergencial" e que depois fará concurso público para efetivação dos novos policiais.
O governador tratou a manifestação como "rebelião" e "motim" dos policiais e disse que não vai haver negociação com os líderes do movimento. Ontem houve em Fortaleza tiroteio no confronto entre grupos de PMs "amotinados" e o grupo de PMs de elite.
Para a identificação dos manifestantes, o governo vai solicitar cópias das fitas das emissoras de televisão que acompanharam o ato.
Antes de decidir não negociar e punir os policiais, Jereissati conversou por telefone com os ministros Zenildo Lucena (Exército), a quem pediu tropas para a vigilância na cidade, e Iris Rezende (Justiça), com quem falou sobre as reformas na estrutura das polícias.
Líderes
Os principais líderes do ato em Fortaleza foram o soldado PM Gilberto Alves Feitosa e o comissário da Polícia Civil Elias Alves.
"Como o governo não deu nenhuma resposta para a gente desde o último dia 15 de julho, essa foi a nossa única opção", disse Alves.
Feitosa afirmou que a categoria não iria recuar enquanto o governo não se pronunciasse e garantisse o que eles queriam.
"Não aguentávamos mais as condições a que estávamos submetidos, ganhando um salário base (soldo) de R$ 48,43 e sem ter direito a aumento há três anos."
Na passeata pelas principais ruas de Fortaleza, os policiais militares e civis, mesmo portando armas, receberam o apoio da população.
O clima entre os policiais era de revolta e euforia. "A resposta do governo é que a polícia se mate. Nossa única saída foi radicalizar", disse o comissário da Polícia Civil.

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