São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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O homem que enfrentou a crise

LUÍS NASSIF
DO MESMO MODO, COMETEU ERROS FORTES DE GESTÃO.

Depois que assumiu o BC persistiu na política monetária absurda, iniciada por seu antecessor, Pérsio Arida. Controlou a política a partir das taxas dos títulos públicos, fazendo vistas grossas a taxas de crédito extremamente perniciosas.
Também a demora em resolver a situação do Banespa (em parte devido à incompatibilidade com o governo paulista) produziu um aumento extraordinário no custo da dívida paulista.
Em dois momentos houve a utilização política do banco, por meio de vazamento de documentos relevantes -prática incompatível em uma instituição profissionalizada. O primeiro, no caso da pasta cor-de-rosa do Banco Econômico. O segundo, no dossiê contra o então candidato a prefeito de São Paulo Celso Pitta, alguns dias antes das eleições municipais.
Também não se dedicou como deveria ao trabalho primordial de preparação do Banco Central para os novos tempos. Depois de um anúncio mal feito de reestruturação de cargos e salários, e depois da decisão do Supremo Tribunal Federal de subordinar o BC ao regime jurídico único, Loyola jogou a toalha e passou a observar, sem reações maiores, o sangramento gradativo da sua instituição, com a perda de quadros e quadros.
Gustavo Franco
Gustavo Franco, o presidente que assume, tem no seu passivo o voluntarismo e os erros cambiais cometidos na partida do Real -e que se constituem, ainda hoje, no calcanhar-de-aquiles do plano.
A seu favor, o amadurecimento posterior e a competência com que conduziu operações relevantes, de colocação de bônus brasileiros no mercado internacional. E, como trunfo político, a capacidade de minimizar qualquer sinal mais agudo de crise -característica apreciada por FHC.

E-mail: lnassif@uol.com.br

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