São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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'20 Anos' resume trajetória de Ramalho

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

O "ano Z", como Zé Ramalho define 1997, prossegue à corda toda. A Sony, primeira gravadora do cantor e compositor paraibano, lança "20 Anos de Carreira", caixa de três CDs que a um tempo resume sua carreira e recoloca em catálogo faixas raras que o artista gravou desde sua estréia.
A coletânea, coordenada pessoalmente pelo artista, vem se unir ao recente lançamento de "Antologia Acústica" (BMG), CD duplo em que Ramalho, 47, comemora 20 anos de carreira com regravações acústicas de suas canções mais conhecidas.
"Forneci a idéia e o material, para completar a história desses 20 anos. Quis oferecer algo diferente do que as caixas em geral oferecem", afirma o artista.
A diferença é a seguinte: a caixa foi disposta em três volumes distintos. No primeiro, "Grandes Sucessos", estão 18 faixas retiradas dos discos originais do artista na gravadora. "É a minha compilação mais completa. O filé mignon da minha obra está na Sony", diz.
Inclui, entre outras, "Admirável Gado Novo", "Avohai", "Chão de Giz", "Vila do Sossego", "Frevo Mulher".
Os outros dois volumes, "Parcerias" e "Raridades" compilam material que vai além da discografia oficial do artista.
Em "Parcerias", há faixas que ele gravou com João do Vale, Marinês, Jorge Mautner, Renato e Seus Blue Caps (uma versão para "Mr. Tambourine Man", de Bob Dylan), a cantora lírica Maria Lúcia Godoy, Paulinho Boca de Cantor, Zezé Motta e Wanderléa, Egberto Gismonti, Fagner, Geraldo Azevedo, Zé Geraldo.
Raridades
Em "Raridades", Ramalho reúne gravações que em geral estavam perdidas em discos de vinil de tiragem limitada.
"Deu um trabalho muito grande, muitas fitas estavam cheias de fungos", conta.
É o caso de versões para "Disparada" e "Fica Mal com Deus", de Geraldo Vandré, "Pai e Mãe" (de Gil, recitada por ele com o cavaquinho de Waldyr Silva ao fundo), "Hino Amizade" (originalmente do festival "MPB 80", da Globo) e "Os 12 Trabalhos de Hércules" (do especial global "Pirlimpimpim", de 82).
Há até uma versão de "Eternas Ondas" feita pelo papa da música de elevador, Ray Conniff, a quem Ramalho se refere com orgulho. "Ninguém ouviu falar, mas é interessante essa versão feita por um maestro popular, meio brega como ele."
Curiosidade maior é "Oh Pecador", retirado de um disco dedicado "às comunidades que sofrem com as guerrilhas do baixo araguaia e da América Central".
"É uma missa agrária de comunista, uma associação da reforma agrária com a religião. Me escolheram para fazer o pecador, veja só", diverte-se.
Algumas raridades acabaram ficando de fora, como uma gravação ao vivo com Bezerra da Silva, pernambucano que nos 70 foi da banda de Ramalho, e "O Tolo na Colina", versão de "The Fool on the Hill", dos Beatles, cantada em dueto com Erasmo Carlos. "A qualidade técnica não permitiu", explica.
E o "ano Z" não acaba aí. O artista entra daqui a pouco em estúdio para gravar "O Grande Encontro 2", com Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Fagner (substituindo Alceu Valença).
Mais: a Sony recoloca no mercado em setembro, segundo Ramalho, cinco de seus álbuns originais na gravadora (hoje, estão todos fora de catálogo), e ele prepara novo disco para 1998 -já tem oito músicas compostas.

Caixa: 20 Anos de Carreira
Artista: Zé Ramalho
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 60, em média

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