São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997 |
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Pacote é abrangente
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
Nossas gravadoras só parecem raciocinar em termos de capitalismo selvagem, acreditando que manter em catálogo obras-primas do quilate de "Zé Ramalho" (78) e "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu" (79) prejudique as vendagens do novo produto. O novo produto, embora não substitua os trabalhos originais, é abrangente e até surpreendente, no que diz respeito às raridades. Aqui está o ativista de "Admirável Gado Novo", o profeta lisérgico de "Kriptônia" e "Canção Agalopada" (que ele confessa serem resultado de experiências com LSD), o Bob Dylan do sertão. Surge daí um artista que os anos 80 (e os 90) se negaram a enxergar. O próprio artista tem sua parcela de responsabilidade na queda de empatia durante sua carreira: a caixa presente mostra a grande diferença de qualidade entre suas primeiras criações e as outras. Isso se pode sentir até nos volumes 2 e 3 da coletânea. Quase nenhum momento das "Parcerias" e das "Raridades" faz jus ao melhor da obra de Zé Ramalho, salvo exceções como "Disparada", de Vandré, "Dona Chica" e o hino carola/comunista "Oh Pecador". "20 Anos de Carreira" cumpre o papel de manter a dignidade da obra do artista, que anuncia retomada em "Antologia Acústica". É o caso raro em que a coletânea de clássicos (caixa da Sony) perde para o trabalho atual ("Antologia"), que são indispensáveis ao apaixonado por MPB. Só faltam voltar os títulos originais. (PAS) Texto Anterior: '20 Anos' resume trajetória de Ramalho Próximo Texto: Skármeta mostra outra face do exílio Índice |
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