São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997 |
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Ex-Johnny Rotten migra ao tecno em álbum solo
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
John Lydon volta, pouco depois da ressurreição assumidamente mercenária dos Pistols, semiconvertido em artista tecno colado à futilidade cibernética do fim de século. Os fãs dos Sex Pistols devem se revolver em suas tumbas. "Psycho's Path" nem é assim tão tecno, para falar a verdade. Dez de seus 15 temas são o prosseguimento, algo desvirtuado, do que Lydon fez com o Pil nos anos 80. Mas, já quarentão, ele cada vez mais se assemelha a um velhinho gagá na hora de cantar -é possível visualizar a bengala escorando o frescor artificial de "Dog" ou "Psychopath". Nada a lamentar, não fossem punk e Lydon entidades sedentas de juventude eterna. Teimoso, passeia trôpego por dança folclórica ("Sun"), musiquinha de realejo ("Psychopath"), arabismos às raias do imponderável ("Stump"). No mais das vezes, soa como os extintos Talking Heads ("Armies"). Aí há a parte tecno. O fã antigo pode interromper o CD após a décima faixa, para não sofrer -desde que pule também a faixa 6, "Dis-Ho", que lembra a fase dance peçonhenta da "italo-house" (Black Box, aquelas coisas). Mas, bem, sacrilégio à parte, quem desligar o CD perderá os trechos mais divertidos de "Psycho's Path". Da 11 em diante, Lydon pira de vez: busca a fonte da juventude nos sintetizadores e efeitos futuristas de remixes de Chemical Brothers, Moby, Leftfield. É pura esquizofrenia, claro -Lydon passa a soar tão falso que até parece honesto. "Open Up" repousa a vozinha gagá sobre texturas produzidas pelo Leftfield e mixadas pelos Chemical Brothers. Supimpa. Seguem-se remixes modernosos que são puro nonsense. Não dá para levar a sério, nem chorar, nem rir. Tal qual um cientista biruta, Lydon entrega ao final de século um produto único por sua incongruência e inutilidade. Será esse o futuro do pop? (PAS) Disco: Psycho's Path Artista: John Lydon Lançamento: Virgin Quanto: R$ 23 Onde encontrar: London Calling (tel. 011/223-5300) Texto Anterior: Artista volta-se ao soul pesado e austero Próximo Texto: Johnny Alf faz tributo a Dick Farney Índice |
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