São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 1997
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Organização teme balas perdidas

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Duas questões preocupam o comitê organizador da visita do papa João Paulo 2º ao Rio de Janeiro em outubro: a falta de dinheiro para financiar o evento e o risco de balas perdidas no trajeto a ser percorrido pelo papa em carro aberto.
O cardeal-arcebispo dom Eugenio Sales reafirmou ontem que ainda não há dinheiro suficiente para todos os eventos programados e admitiu a possibilidade de "reduzir o brilho" de um dos principais momentos da visita: a "festa testemunho" para 140 mil pessoas no estádio do Maracanã.
O coordenador de infra-estrutura e logística do comitê, Cândido Feliciano Ponte Neto, disse que foi arrecadado R$ 1,5 milhão até agora. As despesas totais com a visita do papa estão estimadas em R$ 6 milhões, mas a maior parte será coberta com donativos.
Ponte Neto disse que já se cogita eliminar a iluminação especial -na forma de uma catedral- prevista para o Maracanã. O sistema de iluminação é espanhol e custa R$ 180 mil.
A festa no Maracanã, no dia 4 de outubro, foi reconhecida como evento cultural pelo Ministério da Cultura, o que significa que as empresas podem fazer doações beneficiando-se dos incentivos fiscais previstos na Lei Rouanet.
Na edição de 18 de julho, a Folha revelou que empresas do Rio e de São Paulo estão sendo procuradas por agentes de produções culturais que foram credenciados pela arquidiocese do Rio para fazer o contato com os empresários.
A previsão de corte de gastos na festa do Maracanã indica que, até agora, as empresas não corresponderam à expectativa da igreja.
O risco de balas perdidas no trajeto a ser percorrido pelo papa é outro desafio para os organizadores. O papa, segundo o arcebispo do Rio, quer ser visto pelo povo.
O padre Roberto Tucci, enviado pelo Vaticano para checar os detalhes da visita, reuniu-se ontem com dom Eugenio Sales e com os representantes das comissões envolvidas. À tarde, Pucci vistoriou os principais locais por onde João Paulo 2º passará de papamóvel.
O capitão Luiz Henrique Caroli, representante do Gabinete Militar da Presidência, disse que há preocupação com três momentos em que o papa deixa o papamóvel para entrar em outro carro blindado: na chegada (2 de outubro), no Maracanã e em 5 de outubro, dia da missa no aterro do Flamengo.
A maior preocupação é com o dia da chegada, quando ele seguirá de papamóvel até o Seminário São José, na Tijuca, junto à favela do Turano, uma das mais violentas do Rio. De lá, trocará de carro e irá para a residência de dom Eugenio.

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