São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 1997
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Epidemia de Aids faz vítimas mais jovens

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A epidemia de Aids no Brasil está atingindo faixas etárias cada vez mais baixas. No período de 83 a 85, a idade média dos doentes de Aids era 46 anos. No período de 94 a 97, essa idade passou a 34 anos.
Esses dados fazem parte do Boletim Epidemiológico de Aids referente aos meses de março, abril e maio deste ano, divulgado ontem pelo Ministério da Saúde.
O país registrou 7.610 casos a mais em relação ao boletim do trimestre anterior, passando o acumulado no período de 80 a 97 de 103.262 casos notificados a 110.872. Desse total, a estimativa do ministério é que 55 mil pessoas já estejam mortas devido à doença.
Nas dez primeiras colocações em incidência no período de 96/97, quatro são de Santa Catarina (Balneário Camboriú -131,7-, Itajaí -119,9-, Criciúma -56,6- e Florianópolis -54,5), quatro de São Paulo (Cubatão -73,5-, Ribeirão Preto -66,4-, Caçapava -54,5- e Santos -53), uma do Rio Grande do Sul (São Leopoldo -56,9-) e outra de Minas Gerais (Uberaba, com 54,4).
Segundo Pedro Chequer, coordenador Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, os números não significam uma explosão da epidemia, mas sim um aumento na notificação.
"Para receber o coquetel anti-Aids, é preciso haver a notificação e isso acaba estimulando a comunicação dos casos", afirma.
O coeficiente de incidência de Aids no país (número de casos por 100 mil habitantes) acumulado de 80 a 97 é de 79,5.
Entre as dez cidades com maior incidência acumulada nesse período, sete são paulistas (Santos, Ribeirão Preto, Bebedouro, Rio Preto, Catanduva, Barretos e São Vicente). São Paulo é o Estado campeão em incidência (184,2) e em número absoluto (56.605).
Na faixa dos 30 aos 34 anos há 24.813 casos (22%). Na faixa dos 25 aos 29 anos há 21%, de 20 a 24, 11% e de 15 a 19, 2,2%. A epidemia atinge mais os jovens devido a uma mudança no perfil de transmissão. Embora a via sexual continue responsável pela maioria dos casos, a transmissão por uso de drogas injetáveis vem aumentando.

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