São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997 |
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Petistas apontam trajetória de Cárdenas como exemplo
DO ENVIADO ESPECIAL; AGÊNCIA FOLHA O PT já assume oficialmente que quer fazer de Luiz Inácio Lula da Silva um clone político de Cuauhtémoc Cárdenas (PRD), eleito prefeito da Cidade do México.Antes de obter uma inédita vitória sobre o partido governista PRI, Cárdenas perdera duas disputas presidenciais em seu país. Lula sofreu duas derrotas em disputas pelo governo federal. "Existe um paralelo entre Cárdenas e Lula", afirmou José Dirceu, no esforço para provar a veracidade da tese, que diminuiria um pouco do ceticismo existente até no PT sobre a possibilidade de derrotar Fernando Henrique Cardoso em 98. "Na primeira eleição que perdeu, o Cárdenas foi vítima de fraude. Em 89, o Lula foi derrotado por fraude na TV", afirmou Dirceu. O líder petista assume que o mexicano é um modelo a ser seguido. "Cárdenas era tido como em fim de carreira há dois anos. Ele é um bom exemplo", afirmou Lula. Marco Aurélio Garcia, dirigente petista e do círculo próximo de Lula, fala da "coragem" de Cárdenas para concorrer. "Seis meses atrás, Cárdenas era considerado um perdedor, mas fez uma reflexão fria do momento político e resolveu arriscar", disse Garcia, sem fazer a comparação direta com seu amigo. Dirceu, na comparação das conjunturas mexicana e brasileira, voltou a defender a necessidade de alianças amplas na possível campanha presidencial de 98 de Lula. "A vitória de Cárdenas foi conquistada até porque forças contraditórias, como o PRD e o PAN, combateram juntos o PRI (partido governista no México)". O dirigente petista insistiu na necessidade de "alianças regionais amplas para 98", seguindo determinação de Lula. Mas não há consenso sobre a abrangência do palanque petista mesmo entre os integrantes da ala moderada da legenda. Tarso Genro, um dos expoentes do setor "cordato" do PT, discorda de Lula. "Ele (Lula) acha que é possível uma aliança de centro-esquerda, mas acredito que essa possibilidade é irreal", disse Genro. Cárdenas, que tinha chegada prevista para ontem de manhã em Porto Alegre, teve problema de passagem e não pôde comparecer à solenidade de abertura do "Foro de São Paulo", programada para ontem à noite. O político mexicano é a grande estrela da reunião dos partidos de esquerda. O fórum foi aberto ontem à noite com discursos em homenagens a Che Guevara feitos por representantes da esquerda de oito países. À saída do encontro, 25 funcionários da prefeitura petista de Porto Alegre fizeram um protesto pedindo reposição salarial. "PT, sacana, devolve minha grana", gritavam os manifestantes. Índios O líder dos índios caigangues Abílio Padilha da Silva anunciou ontem, durante evento paralelo ao "Foro de São Paulo", que neste domingo haverá uma invasão de cerca de 200 índios à praça General Firmino, em frente à prefeitura do município de Espumoso (RS). Na região, existem cerca de 5.000 caigangues. Eles querem que a Funai demarque 48,7 mil hectares na região. Colaborou a Agência Folha Texto Anterior: Decisão do PT-RS afasta Brizola de Lula Próximo Texto: PC do B financia congresso com 'raspadinha comunista' Índice |
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