São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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Vela pode ter causado incêndio em SP

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma vela deixada acesa no barraco em que estava o bebê Jéssica Carolina das Graças, 5 meses, teria provocado o incêndio, na noite de anteontem, que destruiu 14 barracos na Favela de Pirituba (zona noroeste de São Paulo) e matou a criança.
Segundo Lourdes Barbosa de Moura, 38, vice-presidente da Associação de Moradores do Jardim Íris (nome que os habitantes dão à favela), a mãe de Jéssica, Débora Souza das Graças, 16, deixou a vela acesa no barraco quando saiu, sem a criança, para buscar uma manta na casa de uma vizinha.
Segundo Lourdes, o vento derrubou a vela e o fogo se espalhou no barraco de Débora. A criança dormia na cama da mãe, e vizinhos não conseguiram salvá-la, pois as chamas ameaçavam chegar na cozinha, havendo risco de explosão.
As instalações elétricas da favela são puxadas diretamente de postes da Eletropaulo por meio de gambiarras. Como a tensão cai constantemente devido a curtos-circuitos, não havia luz no momento do incêndio, por volta das 21h30 de anteontem.
"Por isso que tinha uma vela acesa no barraco da Débora", esclarece Lourdes.
Além dos 14 barracos, onde viviam cerca de 20 famílias, o fogo destruiu a sede comunitária da Associação de Moradores.
Como os barracos eram de madeira, o fogo se alastrou rapidamente, seguido de pequenas explosões causadas pelo contato do fogo com botijões de gás.
"Só não aconteceu uma tragédia maior porque todo mundo estava acordado e pôde sair rapidamente. Para evitar mais explosões, os moradores retiraram botijões dos barracos e carros estacionados perto da favela."
Ontem, os moradores receberam roupas, trazidas em dois carros da Administração Regional de Pirituba, que acompanhou os favelados desde a madrugada de ontem.
A administração ofereceu vagas para os desabrigados em um albergue, o que foi recusado pelos moradores.
"Ninguém foi não. Os vizinhos deram solidariedade aos outros e arrumaram lugar em seus barracos para os desabrigados, que não querem sair da favela por medo de perder o lugar", disse Lourdes.

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