São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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Para OMS, surto em SP era evitável

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O surto de sarampo que ocorre em São Paulo desde o final do ano passado poderia ter sido evitado ou pelo menos minimizado se, em 1995, o Estado tivesse realizado uma vacinação indiscriminada contra a doença em crianças com idades entre 9 meses e 4 anos.
A conclusão foi publicada no boletim mais recente do escritório regional da OMS (Organização Mundial da Saúde) para as Américas. O texto analisa a situação do surto e a política epidemiológica da Secretaria da Saúde do Estado.
A vacinação indiscriminada é recomendada sempre que a população de crianças de até 5 anos suscetíveis à doença for equivalente ou próxima à de crianças nascidas naquele ano. Em SP, isso acontece a cada quatro ou cinco anos.
Segundo a Opas (Organização Pan-americana de Saúde, o escritório americano da OMS), a epidemia de São Paulo é a pior dos últimos quatro anos no continente.
A vacinação indiscriminada, que para a OMS deveria ter sido feita há dois anos, deve ocorrer no dia 16 em todo o país.
"Sugerimos essa campanha sempre que se acumula um grande número de crianças que não foram imunizadas. Isso porque a vacina contra o sarampo tem um índice de falha que varia de 5% a 10%. Se tivesse havido a vacinação, provavelmente haveria bem menos casos", diz Ciro de Quadros, diretor do programa especial de vacinas e imunização da Opas.
Governo discorda
O Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo discorda da Opas quanto à necessidade da campanha de vacinação em 1995. Segundo o diretor do órgão, Cassio de Moraes, essa campanha só deveria ser feita neste ano (leia na página três).
Para a Opas, o esquema de vacinação inadequado foi um dos fatores que contribuíram para a ocorrência do surto. Outros teriam sido a grande quantidade de adultos suscetíveis ao sarampo -que ainda não haviam tido a doença ou sido imunizados- e a alta densidade populacional, que facilita a contaminação.

LEIA MAIS nas págs. 2 e 3

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