São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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Banespa desiste de acordo com a Encol

MAURO TEIXEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banespa (Banco do Estado de São Paulo) desistiu de participar da operação de salvamento da Encol e provocou novo impasse no acordo feito por bancos credores para reestruturar a construtora, que já foi a maior produtora de imóveis residenciais do país.
A intenção do banco, segundo maior credor da construtora, foi antecipada pela Folha na última sexta-feira.
A Encol possui hoje uma dívida de R$ 850 milhões e tem 710 edifícios com obras paralisadas desde o ano passado, envolvendo 42 mil compradores em 65 cidades.
A dívida da empresa com os bancos alcança R$ 600 milhões. Os recursos necessários para a conclusão das obras paradas chegam a R$ 1,4 bilhão.
Carta
A decisão do Banespa foi oficializada anteontem por meio de carta enviada ao grupo que coordena o pool de bancos credores.
Assinado por Edmundo de Paulo, diretor interino de recuperação de crédito, o documento diz que, "por resolução de seu comitê de crédito, (o Banespa) deliberou por não aderir ao pool de bancos credores, quer em função da necessidade de novo aporte de recursos, quer em razão do impacto fiscal que adviria desta adesão".
Conforme o acordo fechado no final de maio, caberia ao Banespa entrar com cerca de R$ 300 milhões para viabilizar a conclusão das obras. Na semana passada, o diretor titular de recuperação de crédito do banco, Paulo Renato dos Santos, disse à Folha que essa quantia representava "quase um terço da nossa carteira de crédito".
Ele disse que o comitê de crédito do banco estudava oferecer uma quantia equivalente ao que tem a receber da Encol -cerca de R$ 87 milhões. Santos saiu em férias na última sexta-feira. Ontem, os diretores do Banespa se negaram a falar sobre a desistência.
Donos
Para o diretor-presidente da Encol, Jorge Washington de Queiroz, a princípio a decisão do Banespa não significa o fim do acordo para a retomada das obras paradas.
"São 38 bancos, que na realidade são hoje os verdadeiros donos da Encol. Por isso, todos têm interesse em uma solução para o problema", disse Queiroz.
Segundo ele, os principais credores da empresa, como o Banco do Brasil e o Itaú já sinalizaram que vão acelerar o processo de crédito aos compradores e devem injetar R$ 500 milhões na operação.
"O problema é o tempo. A Encol é um paciente terminal e qualquer piora no quadro levará ao pior", afirmou Queiroz, executivo especializado em reestruturações de empresas e que foi indicado para o cargo em janeiro passado pelos credores da construtora.
Desde então, vem costurando acordos para evitar a decretação da falência da empresa, ao mesmo tempo em que tenta viabilizar o acerto com os bancos. Ontem, Queiroz iria tentar uma audiência com o ministro Pedro Malan (Fazenda) para discutir o problema.

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