São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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CDExpo pode sofrer blitz contra pirataria

LUIZ ANTÔNIO RYFF
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A organização da CDExpo 97, no Riocentro, vai pedir para a Apdif (Associação Protetora dos Direitos Intelectuais Fonográficos) fazer uma blitz na feira em busca dos CDs piratas.
Na terça e na quarta-feira, em alguns dos estandes da CDExpo 97, principal feira do mercado fonográfico latino-americano, eram possíveis comprar bootlegs (registros não-autorizado de um show).
As principais atrações são os CDs bootlegs do Sepultura e os de grupos estrangeiros gravados no país.
"A pirataria era uma preocupação nossa. Mas pensamos que a presença das gravadoras inibiria isso", afirmou Arthur Repsold, diretor-executivo da Fagga Eventos.
Ele disse que distribuiu uma circular para os expositores lembrando que os piratas eram proibidos.
"Vamos pedir para eles retirarem os CDs. Se for o caso, podemos retirar o expositor da feira."
Mas para isso, contudo, Repsold quer que a Apdif indique quais CDs são piratas.
Não deve ser fácil. O advogado Márcio Gonçalves, secretário-executivo da Apdif, avisou: "Estamos preparados para fazer uma blitz, mas a gente tem receio de pegar só bootleg", disse.
Ele explica que o problema do bootleg é que o fonograma usado não é protegido pela gravadora. "Juridicamente é mais complicado porque é preciso comprovar a titularidade da obra. A gente precisa que o artista afirme que não autorizou a gravação do concerto."
Mesmo assim, Gonçalves disse que colocaria uma equipe para ver em quais estandes os bootlegs estavam sendo vendidos.
Em princípio, ele prefere não fazer uma blitz de apreensão. "É preciso evitar estardalhaço", disse.
Segundo a Apdif, o Brasil é o quinto maior mercado mundial em pirataria. No ano passado, o faturamento da pirataria fonográfica no país ficou em R$ 150 milhões.
Nicolas Garnett, diretor-executivo da IFPI (Federação Internacional dos Produtores de Disco), admite que o problema da pirataria vem piorando nos últimos anos.
"É de impressionar os caminhos que um CD percorre saindo de uma fábrica na Bulgária, por exemplo, até sua distribuição na África do Sul", diz.
Mas o principal problema da pirataria é o cassete. "A pirataria acabou com o mercado de fita cassete no Brasil", diz João Augusto, diretor artístico da EMI.
E os CDs piratas não eram os únicos problemas enfrentados pelas gravadoras. Na terça, segundo João Augusto, um caminhão que transportava CDs da EMI e da PolyGram foi assaltado e sua carga levada. Só da EMI foram levados 38 mil CDs.

O jornalista Luiz Antônio Ryff viajou a convite da Fagga Eventos

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