São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pressão pode levar à divisão do Hamas

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

O grupo terrorista Hamas, que assumiu a autoria do último atentado suicida lançado contra alvo israelense, pode viver um processo de divisão interna.
Com o líder palestino Iasser Arafat sendo cada vez mais pressionado a aumentar o rigor contra ativistas do grupo, parte do Hamas tende a concordar em participar das instituições políticas locais.
A avaliação é de John Gee, pesquisador do Centro Árabe-Britânico de Londres.
O principal temor dos líderes do movimento na faixa de Gaza e na Cisjordânia é que Arafat seja forçado a lançar uma grande operação repressiva contra o Hamas, que correria o risco de desaparecer.
A opção seria, então, entrar no jogo político institucional. O apoio ao Hamas entre a população palestina oscila entre 11% e 18%.
"É um percentual muito significativo, e a popularidade do Hamas tem variado de acordo com o êxito ou fracasso do processo de paz", diz Gee.
A ala militar da organização, entretanto, tende a se radicalizar.
Os comandos que executam os atentados em solo israelense costumam receber instruções de líderes do movimento na Síria e na Jordânia, caso provável do atentado de anteontem.
Mesmo fora do jogo político, o Hamas é a principal força de oposição à Fatah, grupo de Arafat dentro da Organização para a Libertação da Palestina.
A Fatah tem o controle do Conselho Legislativo e ocupa os principais postos da administração palestina. O Hamas boicotou as eleições, mas tem simpatizantes entre deputados independentes.
Gee também rejeita a afirmação israelense de que Arafat não tem procurado combater as células terroristas do movimento.
"A idéia israelense de que a polícia palestina pode cessar toda a atividade do Hamas não é realista. Quando Israel tinha a área sob seu controle, não conseguiu fazê-lo."
Ao mesmo tempo em que sofre pressão para endurecer o combate ao terrorismo, a Autoridade Palestina tem sido acusada por organismos internacionais de violações de direitos humanos. Mais de uma dezena de prisioneiros (na maioria supostos terroristas) já morreram sob custódia da polícia palestina.

Texto Anterior: EUA debatem solução para crise
Próximo Texto: 'É mil vezes pior que um terremoto'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.