São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'É mil vezes pior que um terremoto'

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

"Nunca tinha ouvido um barulho tão forte na minha vida. É mil vezes pior do que um terremoto." A comparação é do norte-americano Adam Blitz, 14, um dos presentes no atentado de anteontem em Jerusalém, ainda recuperando-se do trauma.
O estudante, que está em Israel há dez dias, passando férias com seus avós maternos e um primo, já vivenciou a experiência de um terremoto em Los Angeles. O atentado em Jerusalém causou-lhe ferimentos superficiais, mas ele não está conseguindo ouvir direito.
"Meus ouvidos estão doendo muito, já fui duas vezes ver o médico", contou à Folha, por telefone. "De meia em meia hora eles começam a sangrar." Blitz passava pelo mercado com seus avós, o primo e dois amigos, quando escutou uma explosão.
"Na hora não entendi o que aconteceu, mas daí houve uma nova explosão, ainda mais forte do que a primeira. Todos começaram a gritar, e eu me lembro que passei a correr sem direção." "Então em me lembro que fez um calor insuportável. Estava tão quente que eu cheguei a pensar que era um incêndio."
Minutos depois do atentado, Blitz começou a procurar seus parentes e amigos.
"Eu e meu primo fomos os primeiros a nos achar. Quando vimos que Svika e Itamar estavam mal, fomos atrás de um médico", disse ele, referindo-se a seus dois amigos israelenses, de 14 e 10 anos, que foram internados em estado grave.
O avô e o primo de Blitz passavam bem, mas tiveram de ser hospitalizados também com problemas de audição. Além disso, seu primo levou vários pontos devido a um corte após a explosão.
Agora, a única coisa que o estudante quer é voltar para casa.
"Já nos falamos quatro ou cinco vezes por telefone, mas ele ainda não pode entrar num avião por causa da dor de ouvido", disse Jane Blitz, mãe de Adam, por telefone.
"Era a segunda vez que ele ia para Israel, e meus pais iam levá-lo depois à Europa. Eles teriam mais duas semanas de viagem."
A família Blitz, que é de origem judaica e mora numa pequena cidade da Califórnia, quer que Adam vá a um psicólogo quando voltar.
"Uma coisa assim pode marcar a vida inteira. Já pegamos terremoto em Los Angeles, uma coisa assustadora, mas ele me disse que as bombas não têm nem comparação."

Texto Anterior: Pressão pode levar à divisão do Hamas
Próximo Texto: Israelenses culpam trabalhistas pelo atentado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.