São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997 |
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Ágio na venda da Coelba gera polêmica
VANESSA ADACHI
O grande ágio de 77,3% com que foi vendida, que levou a um preço de R$ 1,73 bilhão, levantou polêmica. O preço mínimo fixado para o leilão de 65,4% das ações ordinárias, de R$ 975,81 milhões, estava alinhado com o valor de mercado da empresa -preço de suas ações na Bolsa. Havia expectativa de um prêmio entre 30% e 40% sobre o mínimo devido ao grande interesse que o setor elétrico vem despertando. O ágio também era esperado porque costuma haver uma espécie de "pedágio" quando o que está em jogo é o controle da empresa. Para alguns analistas, no entanto, o prêmio pago foi absurdo. Um dos argumento usados é que o valor da empresa por megawatt hora -medida usada no setor- ficou muito superior ao de outras companhias similares. Segundo os cálculos de um banco de investimento, tomando como base o valor pago pelo consórcio vencedor, o valor da Coelba por mWh vendido foi de R$ 326,00. O valor por megawatt hora da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), por exemplo, é R$ 202,00. O da Cerj é R$ 200,00 e o da Coelce, vizinha da Coelba, é de R$ 158,00. Na opinião de analistas, só será possível afirmar se realmente o ágio foi desproporcional dentro de alguns meses. Por enquanto, as ações da Coelba na Bolsa não reagiram positivamente. Na quinta e na sexta-feira elas registraram queda. "Tudo vai depender, agora, dos planos e dos resultados mostrados pelos novos acionistas. As ações na Bolsa podem até subir e alcançar o preço do leilão", diz o analista do setor energético do Banco Bozano, Simonsen, Sérvulo Lima. Aloísio Lemos, analista da Lopes Filho Associados, acredita que a tendência seja de estabilidade para as ações da Coelba no curto prazo. "O ágio foi muito forte e os investidores precisam avaliar melhor a situação", diz Lemos. Também para ele, as medidas tomadas pelos novos controladores e sua repercussão sobre os resultados da empresa serão decisivas. A Coelba é a maior distribuidora de energia do Nordeste e a única na Bahia. Segundo cálculos da Eletrobrás, reafirmados por estudos do Bozano, Simonsen, até 2005 a venda de energia da Coelba deve crescer a uma taxa de 6,4% ao ano. No país todo, ela só perde para a CEB, de Brasília e para a Coelce, do Ceará, ambas com 7,2%. Um item que chamou a atenção dos investidores foi a larga margem alcançada na venda de energia. A tarifa média de venda da Coelba é de US$ 90/mWh, enquanto para comprar energia da Chesf ela paga US$ 33/mWh. Outro atrativo da Coelba é a grande participação de residências e de estabelecimentos comerciais na sua carteira de clientes. Ambos têm a tarifa mais elevada que as indústrias. Texto Anterior: Portuários do Rio e da Bahia não vão parar; Copel capta recursos no mercado externo; Belgo-Mineira vai investir em alto-forno; Municípios disputam fábrica da Samsung Próximo Texto: Privatização traz lucros Índice |
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