São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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A resposta está em você, saiba como encontrá-la

CÉLIA ALMUDENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Escolher, aos 16, 17 anos, que vida você terá no futuro é tarefa complicada. Mas já que o sistema brasileiro de ensino obriga, existem procedimentos que ajudam na decisão.
"Cada um é cada um, e não existe uma única receita de escolha. Mas a primeira coisa a fazer é buscar o autoconhecimento, perceber quais são as aptidões naturais e procurar uma atividade que esteja de acordo com elas", diz José Atílio Vanin.
Por onde começar
Autoconhecimento é a palavra-chave citada por todos os especialistas consultados. Você não tem idéia de como fazer essa tal de auto-análise?
"Acho que você pode aprender a pensar em você mesmo de três maneiras", diz o psicólogo Howard Gardner. A primeira é conviver com pessoas introspectivas, que sabem olhar para si próprias, e assim aprender a fazer o mesmo. Segunda: conversar com pessoas sinceras, que responderão como te percebem. E, terceiro, gastar algum tempo, diariamente ou semanalmente, apenas pensando no que você quer conseguir e como está procedendo", recomenda.
Para esse exercício de autoconhecimento ser eficaz dentro do seu objetivo, Lucy Leal Melo Silva, 39, responsável pelo serviço de orientação profissional da USP de Ribeirão Preto, faz algumas recomendações.
"Pense na atividade que você gosta e se dá bem (não só na escola); em que tipo de ambiente você gostaria de trabalhar; com que tipo de objeto (animal, pessoa, material) prefere trabalhar; quais profissionais você admira e por quê."
Depois de tomar consciência de suas habilidades e refletir sobre seus projetos para o futuro é hora de pensar mais concretamente em áreas, carreiras ou profissões.
Normalmente, o primeiro aspecto que as pessoas levam em conta é o mercado de trabalho e o salário médio, o que, para os especialistas, é o menos importante.
"Carreira não é só feita de mercado. O mercado muda muito, surgem novas carreiras, e a valorização das carreiras também muda", alerta Roberto Nasser, 47, responsável pela orientação profissional dos alunos do Colégio Bandeirantes, de São Paulo.
Busque informação
Outra dica é ir atrás de muita informação sobre as profissões de seu interesse. "Os estereótipos das profissões dificultam a opção. As pessoas escolhem muito em função da fantasia que têm sobre a profissão. Desconhecem as matérias do currículo e o ambiente de trabalho da profissão", alerta a psicóloga Maria Aparecida Pedreira de Freitas, 54, da Colméia.
Não esqueça também de levantar o lado bom e o ruim da profissão. "É preciso fazer um balanço, perdendo a visão romanceada", diz o professor Nasser.
Mas nem todos têm facilidade para fazer essa auto-análise, obter informações sobre as profissões e chegar a uma conclusão. Alguns precisam recorrer a serviços de orientação profissional.
"Os profissionais usam técnicas para a pessoa refletir sobre ela, as características das profissões e oferecem informações sobre o mercado de trabalho. As faculdades que têm cursos de psicologia geralmente oferecem atendimento de orientação vocacional ou profissional gratuito", diz Lucy.
Mas atenção: "Um profissional não vai dar a resposta pronta", diz Nasser. "Ele vai investigar para ajudá-lo a descobrir. A resposta está em você."
(CA)

Leitura recomendada: "Escolha da Carreira", Dulce Whitaker (Editora Moderna). "O que É Escolha Profissional", "O que É Trabalho" e "O que É Universidade", da série "Primeiros Passos" (Editora Brasiliense). "Escolher a Profissão", Eliane Arbex Rodrigues (Editora Scipione).

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