São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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A USURPAÇÃO NAZISTA

Começou a funcionar na semana passada a comissão instituída pelo governo federal para investigar a passagem de patrimônio nazista pelo Brasil. A iniciativa se enquadra em uma ofensiva do Congresso Judaico Mundial para localizar bens de famílias judaicas que foram usurpados pelos nazistas.
O resultado mais visível dessa ofensiva, por enquanto, se deu na Suíça, com a localização de 1.872 contas inativas no valor de US$ 43,7 milhões, a maioria esmagadora das quais pertencente a judeus.
É claro que a investigação no Brasil não ganhará a mesma proporção da realizada naquele país. Mas é inegável a relevância da comissão. A sua criação insere o país no louvável e imprescindível esforço de investigação de uma das piores tragédias da história mundial -o holocausto.
A primeira comissão nesse sentido foi criada na Suíça, em fevereiro de 1996. Depois vieram Estados Unidos, França, Inglaterra e, agora, o Brasil. Aqui, a iniciativa tem relevância especial, dada a ambiguidade da relação do governo Getúlio Vargas com o regime nazista.
O Congresso Judaico Mundial estima que entre 1.200 e 1.500 nazistas entraram no Brasil nas décadas de 40 e 50. A avaliação da entidade é que há 14 contas bancárias desativadas no Banco do Brasil, em valor estimado de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões.
O rabino Henry Sobel diz que a intenção, sempre que possível, é restituir os valores aos sobreviventes -ou familiares- que tenham tido seus bens usurpados. Quando houver impossibilidade, os recursos deverão ser distribuídos entre os sobreviventes do holocausto de cada país.
Com a criação da comissão, o presidente Fernando Henrique Cardoso demonstra, mais uma vez, ser sensível a temas de importância para a democracia. O presidente já havia exibido a mesma sensibilidade ao criar, no ano passado, a comissão para indenizar os familiares de pessoas que morreram ou desapareceram durante o regime militar.

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