São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 1997
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Dedo decepado

VALDO CRUZ

Brasília - Logo no início da crise das polícias Militar e Civil, assessores do presidente Fernando Henrique Cardoso informavam que o governo federal não tinha o que fazer. A responsabilidade era dos governadores.
O movimento cresceu, espalhou-se pelo país, provocou morte. O governo tucano teve de acordar. Prepara medidas a serem anunciadas nesta semana para reestruturar as PMs.
Boa parte da responsabilidade pela crise é, realmente, dos Estados, mas o governo FHC também contribuiu com sua omissão. Basta dar uma rápida olhada nas promessas de campanha do então candidato tucano.
Quem não se lembra daquela mão espalmada, símbolo da campanha de FHC? Cada dedo representava uma prioridade para o futuro governo. Um dos dedos simbolizava a segurança.
Pois bem, passados mais de dois anos e meio de governo, até hoje nada foi feito que demonstre que a segurança é uma prioridade tucana. Ou seja, um dos dedos da mão da campanha foi decepado.
As medidas a serem anunciadas agora demonstram, mais uma vez, que o governo FHC age apenas sob pressão. O que não tira das medidas a sua importância.
O objetivo é garantir que governadores retomem o comando sobre as PMs, treinar os policiais adequadamente e educá-los para respeitar os direitos humanos. Elas podem garantir maior segurança ao cidadão.
O governo quer também adotar medidas que tragam benefícios diretos aos policiais, melhorando sua qualidade de vida. Entre elas, financiamento de casa própria, seguro de vida e fundo de pensão.
A questão salarial, porém, ainda continua sem uma solução a curto prazo. Aí está o problema. O baixo salário foi a origem da crise que se espalhou pelo país.
O governo federal pode até conseguir contornar a crise atual com as medidas em gestação, mas ela acabará voltando com maior intensidade no futuro se os governadores não conseguirem melhorar os salários dos policiais.

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