São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997
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Carreata de ruralistas pede 'fim da baderna'

RUBENS VALENTE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Produtores rurais de Mato Grosso do Sul realizaram ontem carreata pelas ruas de Campo Grande pedindo fim de saques e invasões de propriedades rurais e urbanas.
Os fazendeiros foram recebidos pelo governador Wilson Barbosa Martins (PMDB) e pelo ministro da Justiça, Iris Rezende, a quem entregaram uma pauta de reivindicações e um pedido de "cumprimento da Constituição".
O ministro, que foi a Campo Grande para a posse do novo superintendente da Polícia Federal no Estado, disse que vai levar o assunto ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
A carreata demorou cerca de duas horas, passou pelo centro da cidade e acabou na Governadoria, sede do governo local, com a execução do Hino Nacional.
Os organizadores do protesto estimaram em 4.000 o número de participantes. A 5ª Companhia da Polícia Militar (polícia de trânsito) avaliou que o ato reuniu 500 pessoas e 60 veículos, entre camionetes, caminhões e carros de passeio.
A Agência Folha contou 273 pessoas a cavalo, a maioria funcionários de fazendas. Peões tocaram 20 cavalos soltos e sem sela.
O protesto foi organizado pelo MNP (Movimento Nacional de Produtores), criado em abril último e apoiado por quatro entidades representativas de fazendeiros no país: CNA (Confederação Nacional de Agricultura), Sociedade Rural Brasileira, Organização das Associações Cooperativas Brasileiras e Associação Brasileira dos Criadores de Zebu.
A carreata teve o nome de "Pela lei, ordem e paz no campo e na cidade". O MNP quer organizar outros protestos no país. Os produtores levaram para a carreata faixas pedindo "o fim da baderna" e "paz para o campo produzir".
Uma comissão dos produtores foi recebida à tarde pelo ministro da Justiça, Iris Rezende. Em documento, eles pediram punição criminal "para os cabeças das arruaças", proibição de acampamentos irregulares, "maior respeito" com as lideranças rurais patronais "que não estão sendo ouvidas", fixação de critérios que definam a propriedade produtiva, entre outros itens.
O presidente da CNA, Antônio Ernesto de Salvo, 64, disse após a audiência que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) mostra uma "face de desrespeito à lei".
Márcio Bissoli, 26, da coordenação estadual do MST, disse que os fazendeiros é que motivam a violência no campo, "ao contratar e armar jagunços" para combater "ocupações pacíficas de terras ociosas".
O ministro da Justiça, Iris Rezende, disse que o governo federal tem plano para retirar as famílias de sem-terra que estão acampadas à beira de rodovias no país.
Rezende disse que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) poderá conseguir áreas provisórias, até que os acampados possam ser incluídos no programa de reforma agrária.
Em todo o Estado, segundo o MST, há 33 acampamentos com 5.700 famílias, parte ligada ao MST e parte à Fetagri (Federação dos Trabalhadores da Agricultura).
O superintendente da Polícia Rodoviária Federal em Mato Grosso do Sul, Celso Preza, disse que seis acampamentos estão à beira de rodovias federais no Estado.

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