São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997
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Khatami assume e promete evitar tensão

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O clérigo moderado Mohammad Khatami, ao assumir ontem a Presidência do Irã, afirmou que seu país evitará ações que criem tensão internacional.
"Meu governo considera o diálogo entre as civilizações essencial e evitará qualquer ação ou comportamento que cause tensão", afirmou em seu discurso ao Majlis (Parlamento) após ser empossado.
"Sua mensagem teve um perfil positivo", disse, em Teerã, um diplomata ocidental que não quis ser identificado. "Agora devemos ver até onde isso vai nos levar."
O Irã, um Estado islâmico, é acusado pelo Ocidente de patrocinar o terrorismo e de se empenhar em corrida armamentista que agrava as tensões no Oriente Médio.
Khatami, 54, derrotou em maio o candidato conservador Ali Akbar Nateq-Nouri e três outros concorrentes com cerca de 70% dos votos, prometendo pluralismo e tolerância "dentro do sistema e das leis".
Se no plano internacional o novo presidente iraniano passa por uma espécie de "lua-de-mel" com as potências ocidentais, internamente o líder moderado terá de enfrentar dentro em breve a poderosa classe conservadora do país, disseram analistas políticos.
Seu primeiro confronto já tem uma data-limite para ocorrer. Segundo a Constituição iraniana, o presidente recém-empossado tem duas semanas para submeter à aprovação do Parlamento os nomes do novo gabinete.
Nateq-Nouri, presidente do Majlis, e o chefe do Judiciário, Mohammad Iazdi, deixaram transparecer ontem em seus discursos que Khatami deve consultar o Parlamento, dominado pelos conservadores, antes de submeter à aprovação a lista de ministros.
O novo presidente, porém, tem mantido sob sigilo os nomes que pretende indicar para o comando dos ministérios iranianos.
Somente o nome para o cargo de primeiro vice-presidente foi revelado. Hassan Habibi, que já ocupava o posto sob a presidência de Akbar Hashemi Rafsanjani, mantém seu cargo.
O embaixador do país junto às Nações Unidas, Kamal Kharrazi, era cotado para assumir a pasta das Relações Exteriores. "Houve discussões sobre meu nome", afirmou Kharrazi.
Esperança israelense
A chancelaria de Israel, em comunicado, disse que a posse de Khatami dava ao Irã a chance de "abrir nova página nas relações com seus vizinhos e de provar que está se voltando para a paz".
Desde a Revolução Islâmica, de 1979, o Irã não reconhece o Estado israelense e pede pelo fim do processo de paz para o Oriente Médio. Em recente visita a Teerã, o presidente da Síria, Hafez al Assad, ouviu dos líderes iranianos palavras de apoio à luta "anti-Israel".

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