São Paulo, terça-feira, 5 de agosto de 1997
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O ministro que virou fumaça

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - O Congresso reabriu, Gustavo Franco vai ser sabatinado no Senado, o FEF continua intrincado e em pauta, a CCJ vai decidir o que fazer com o duplo relatório da CPI dos Precatórios.
E cadê o ministro Luiz Carlos Santos? Afinal, ele é ou não ministro da Articulação Política? É ou não coordenador político do governo?
A bem da verdade, Fernando Henrique Cardoso nunca quis mesmo esse negócio de coordenador. Ele gosta de conversar, de seduzir, às vezes de enrolar. Sem intermediários.
Pressionado de um lado, pressionado de outro, acabou metendo Luiz Carlos Santos numa salinha do Planalto, com um punhado de assessores e a fama de dar nó em fumaça.
O que aconteceu? Rigorosamente nada.
Qualquer um, no lugar de Santos, teria jogado a toalha no exato instante em que Fernando Henrique convidou Luís Eduardo Magalhães para líder do governo na Câmara. Ficou evidente que Luís Eduardo é que estava com tudo.
Santos, entretanto, engoliu a desfeita mineiramente e ficou firmão com o título de coordenador. Só não deu mais as caras. Reforma pra cá, reforma pra lá, o pau comendo. Mas ministro articulador, que é bom, nada.
Ex-quercista, Santos agora atua para consolidar a ponte do governo federal com Paulo Maluf e está de malas prontas para sair do PMDB e entrar no PFL, lá por setembro.
Isso só demonstra que, além de enfraquecido no governo, sabe que não teria a legenda do PMDB nas eleições. Desconfia-se, aliás, que não só ele, como todo o grupo governista (antiquercista) de São Paulo.
Só não deu para entender, até agora, por que Santos foi tão incisivo ao defender a renúncia coletiva dos ministros peemedebistas, aproveitando a confusão Serjão-PFL.
Primeiro, porque nem deve mais ser considerado do PMDB. Depois, porque ele próprio é quem deveria ter dado o primeiro passo porta afora.
Ou será que o ministro anda à procura de uma saída honrosa, antes de limpar as gavetas e cuidar da vida?

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