São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997
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Malufismo acha que crise vai até janeiro

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A junção do caso dos frangos com a crise financeira da prefeitura paulistana acendeu a luz vermelha no malufismo. A avaliação é que a provável campanha ao governo estadual em 98 já não será o "passeio" imaginado meses atrás.
O estrago da compra de frango pela Prefeitura de São Paulo envolvendo empresas ligadas a familiares de Paulo Maluf e Celso Pitta já foi atestado por pesquisas encomendadas pelo grupo político do ex-prefeito.
O resultado, já esperado pela cúpula, apontou danos maiores dos que os causados pelo caso dos precatórios. O tamanho do buraco na popularidade de Maluf, no entanto, ainda não pode ser medido.
O pior, acham os malufistas, é a anemia do cofre municipal, que já paralisou obras e ameaça peças de resistência do marketing do grupo, como o PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
Na conversas internas, o cenário desenhado para os próximos meses não é animador. A crise financeira só será aliviada, segundo o raciocínio, no início do próximo ano, com a entrada maior de recursos gerados pelo IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), por exemplo.
Até o final de janeiro de 98, portanto, os malufistas acham que vão viver seu "inferno astral". É, também, o prazo-limite que alguns dos mais influentes membros do grupo político de Maluf dão para entrar na campanha eleitoral sem uma margem grande de risco.
Maluf, que deve voltar ao país entre hoje e sábado, sabe que a falta de dinheiro na prefeitura o obrigará a trabalhar ainda mais pela proximidade com o presidente Fernando Henrique Cardoso, na esperança de um socorro ao seu afilhado Pitta.
O problema é que o governador Mário Covas, provável candidato à reeleição pelo PSDB, já fez chegar até FHC que não aceitará calado qualquer postura tíbia (frouxa) do presidente em relação à eleição paulista, ou seja, entenderá qualquer auxílio a Pitta como uma provocação.
Outra preocupação do malufismo é com a posição do PFL na disputa estadual. Teme-se que o desgaste de Pitta reforce ainda mais o pragmatismo dos pefelistas, até agora pendentes a uma aliança com o ex-prefeito. Covas aposta no caos paulistano para ficar com o horário de TV do PFL.

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