São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997
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Dia de chuva

THALES DE MENEZES

O filme "Bull Durham", que passou no Brasil com o título "Sorte no Amor", tinha Kevin Costner, Susan Sarandon, Tim Robbins e uma cena emblemática sobre o beisebol.
O veterano Costner ensina ao novato Robbins o que é o beisebol. "Um dia você ganha, um dia você perde, e um dia chove", diz o jogador.
A princípio, parece uma coisa idiota. No entanto, é uma maneira muito zen de explicar o que acontece nos esportes -exceto alguns como o futebol, em que ainda vigora o empate.
Para o tênis, é uma filosofia perfeita. Quando o tenista entra na quadra, sabe que uma dessas coisas vai acontecer: ganhar, perder ou ter o jogo suspenso pela chuva.
Todo esse papo-furado é o instrumento deste colunista para exorcizar o assédio constante que sofre depois de um jogo como a final que Gustavo Kuerten disputou no último domingo.
"O que aconteceu com ele?"
"A culpa foi do juiz?"
Pessoal, aconteceu uma das três coisas. Ele perdeu. Ponto final. O adversário jogou melhor, só isso.
Kuerten ficou irritado com o juiz? Sim, mas as reclamações só começaram depois que o brasileiro sentiu que estava sendo dominado. E Kuerten foi dominado o jogo inteiro, até mesmo no set que venceu, por pura superação movida a desespero.
Desde o início do jogo a bola de Kuerten estava curta, isto é, quicava bem antes da linha de fundo do lado da quadra em que jogava o norte-americano. Com isso, o brasileiro não conseguia pressioná-lo, deixando o rival à vontade para atacar.
Juiz? Não teve influência decisiva na partida. Se Kuerten estivesse num bom dia, nem ligaria para os erros que lhe tiraram pontos. Faz parte do jogo.
O que vale é Kuerten ter batido Chang e ter entrado para os "top ten". Isso tudo no piso rápido, aquele em que muita gente ainda pensava ser uma barreira para Kuerten. Valeu.

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