São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997 |
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Moradores do Borel criticam toque de recolher informal
SERGIO TORRES
As patrulhas noturnas no Borel integram o esquema de policiamento montado pela Secretaria da Segurança Pública do Estado nos morros da Tijuca. O plano de segurança tem o objetivo de apaziguar a região, onde ficará hospedado, de 2 a 5 de outubro, o papa João Paulo 2º. Os morros tijucanos têm sido local de confrontos entre quadrilhas de traficantes rivais. O Borel é considerado pela PM um dos mais perigosos morros do Rio. Na sexta-feira da semana passada, cinco homens foram mortos a tiros na favela, habitada por cerca de 15 mil pessoas. Os moradores reclamam do toque de recolher. O pedreiro Válter da Silva, 32, disse que é revistado todos os dias. "Chego do serviço depois das 22h. Estou sendo humilhado nas revistas." O presidente da União dos Moradores do Borel, Sebastião Bonifácio da Silva, 69, disse que a polícia instituiu o toque de recolher outras vezes. "Isso não é novidade. A polícia não pode cometer abusos. Estamos em uma democracia, não em um regime ditatorial", disse. Patrulhas O Borel está sendo patrulhado por 15 PMs, das 17h às 6h do dia seguinte. O comandante do 6º BPM (Batalhão de Polícia Militar), tenente-coronel Hermano Prata, disse que não determinou o toque de recolher. "Não pode haver essa situação. Muito pelo contrário. O direito de ir e vir do cidadão tem que ser respeitado", afirmou. Além do Borel, o 6º BPM participa de patrulhamentos noturnos nas favelas do Turano, Salgueiro, Chacrinha, Formiga e Casa Branca. O papa ficará hospedado no morro do Sumaré, vizinho ao Turano. Cem policiais militares participam da "pacificação" das favelas tijucanas. Patrulham os morros policiais do Bope (Batalhão de Operação Especiais), do Batalhão de Choque, do 6º BPM e cedidos por outros batalhões. O assessor técnico da Secretaria de Segurança, tenente-coronel Milton da Costa, disse que o toque de recolher não foi determinado pelo secretário, general da reserva Nilton Cerqueira. "Não partiu daqui essa recomendação", afirmou. OAB Presidente da comissão da Assembléia Legislativa que apura casos de abuso e violência policiais, o deputado Edmílson Valentim (PC do B) pretende ir ao Borel na semana que vem. "É absurdo a PM fazer isso. É mais uma demonstração de como a polícia trata o cidadão que mora em favelas", disse. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) está à disposição dos moradores para reclamações contra o toque de recolher, disse Antônio Carlos Berenhauser, presidente da Comissão de Direitos Humanos da entidade. "Vamos mandar ofício à PM pedindo explicações. Os trabalhadores não podem ser desrespeitados", disse Berenhauser. Texto Anterior: Exilado pela Universal, Didini deixa igreja Próximo Texto: Liberais latino-americanos já pedem maior ação do Estado Índice |
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