São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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TRE do Rio é acusado de compra irregular de tíquetes-refeição

Ex-presidente nega ter feito gastos desnecessários

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio solicitou ao Tribunal de Contas da União a realização de inspeção extraordinária nas suas contas de 1996, que foram rejeitadas por unanimidade devido à "evidência de irregularidades".
No ano passado, o TRE, então presidido por Antônio Carlos Amorim, comprou R$ 9 milhões em tíquetes-refeição, dos quais R$ 4,6 milhões da empresa Comabem Alimentação, que pediu concordata 20 dias após o pagamento.
Em consequência, o TRE guarda atualmente cerca de R$ 2 milhões em tíquetes da Comabem sem valor no mercado.
Numa ação popular ajuizada nesta semana, o advogado João Carlos Austregésilo de Athayde acusa Amorim e o funcionário Joaquim Mariano de comprarem tíquetes muito além do necessário para alimentar os mesários, escrutinadores, pessoal de apoio e de segurança nas eleições de 96.
Amorim e Mariano são acusados de terem pagado a Comabem em 1º de novembro. O pedido de concordata foi ajuizado no dia 21.
Segundo Celso Gonçalves Pinheiro, advogado da Comabem, a empresa teve dificuldades devido a atrasos de pagamento.
Amorim é acusado ainda de ter comprado 1.900 baterias de automóvel e uma ambulância, além de irregularidades no almoxarifado.
Outro lado
Antônio Carlos Amorim, que se aposentou do cargo de desembargador e voltou à advocacia, disse que as acusações são "infâmias", mas não o surpreendem.
"Muita gente foi prejudicada por minha atuação no Tribunal de Justiça (que presidiu antes do TRE) e no Tribunal Regional Eleitoral", disse. Amorim afirmou que os tíquetes foram comprados não só para uso nas eleições, mas também para ser distribuídos aos funcionários do TRE posteriormente.
Segundo ele, a concordata da Comabem foi uma "infelicidade", que não podia ter sido prevista.
As baterias foram adquiridas, disse, para que o TRE pudesse se prevenir contra blecautes que poderiam ser causados por fraudadores das eleições eletrônicas. A ambulância foi comprada depois que um funcionário, Mauro Guedes, morreu sem socorro. Os problemas do almoxarifado teriam origem na gestão anterior.

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