São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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FHC lança fábrica da Asia Motors no país

AUGUSTO GAZIR

AUGUSTO GAZIR; LUIZ FRANCISCO
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR (BA)

O grupo Kia, que tem dívidas de R$ 10,4 bi e entrou em concordata, afirma que manterá o projeto brasileiro

O presidente Fernando Henrique Cardoso lançou ontem a pedra fundamental de uma indústria automotiva ameaçada de não ser implementada: a Asia Motors, em Camaçari (região metropolitana de Salvador).
O grupo coreano Kia, do qual a Asia é a subsidiária brasileira, entrou em concordata no ano passado e tem dívidas de R$ 10,4 bilhões. O grupo avaliou o cancelamento do projeto, como uma das exigências dos bancos credores.
"Tivemos a segurança por documentos e informações que (a crise do grupo Kia) não afetará o projeto na Bahia", afirmou o presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Ontem, a Asia Motors, primeira montadora de automóveis a se instalar no Nordeste, promoveu uma festa em Camaçari, com direito a trio elétrico que levava a logomarca da empresa.
Com ajuda de políticos locais, a Asia distribuiu 6.000 camisetas brancas e 6.000 bonés vermelhos, com o nome da fábrica.
Em discurso, FHC lembrou que foi o governo de Juscelino Kubitschek, na década de 50, que iniciou a implantação da indústria automobilística no Brasil.
"A indústria automobilística é baiana, é nordestina, é brasileira. Aquilo que foi começado com Juscelino hoje se espraia pelo Brasil todo", disse o presidente.
FHC afirmou que foram os parlamentares baianos que fizeram com que o governo "abrisse os olhos" e apoiasse a implantação da indústria de carros no Nordeste.
Os parlamentares pressionaram e conseguiram que o governo editasse MP (medida provisória) com incentivos para as indústrias automotivas que se instalassem no Nordeste.
"Isso se deve à luta que os nordestinos tiveram por intermédio de seus representantes e à coragem do presidente, que enfrentou pressões internas e externas. Enfrentou e venceu", afirmou ACM.
FHC citou que o Brasil hoje produz 2 milhões de carros, meta que era para ser alcançada, segundo ele, no ano 2000.
"Crescemos como há muito tempo não se crescia no setor industrial no Brasil. E o setor que mais está crescendo é o setor de máquinas."
Investimentos mantidos
O vice-presidente do grupo Kia, Seung Ahn Kin, disse ontem em Salvador que os investimentos para a construção da primeira fábrica da marca no Brasil estão garantidos, independente de uma eventual venda do grupo.
"Temos contratos assinados com algumas empresas e a Kia Motors considera o Brasil um país estratégico para expandir seus negócios", disse o executivo.
Segundo Seung Ahn Kin, a Kia tem uma dívida de US$ 9,8 bilhões. "Até o próximo dia 29 de setembro vamos equacionar os problemas relacionados à dívida".
Para saldar o débito, a Kia pretende demitir 8.000 funcionários e vender 23 das 28 empresas pertencentes ao grupo.
O presidente da Kia Motors do Brasil, Washington Armênio Lopes, disse que dentro de três meses começa a construção da fábrica.

Colaborou Luiz Francisco, da agência Folha, em Salvador.

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