São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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Sinfônica não consegue preencher vagas

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) vai fazer novos concursos para músicos. O segundo, que se encerra no próximo domingo, não foi suficiente para preencher todas as vagas.
"Não fazemos concessões de qualidade", afirma o maestro John Neschling, diretor artístico da Osesp. "Mais do que preencher vagas, minha preocupação é ter uma orquestra com o nível de excelência profissional que São Paulo merece".
Em novembro, a Osesp vai abrir concurso em Los Angeles e Nova York (EUA) e Genebra (Suíça).
"Vou levar uma banca de brasileiros para julgar os estrangeiros que querem tocar na orquestra".
A primeira etapa da reformulação da Osesp aconteceu em junho, com o concurso interno. Quarenta e três membros da orquestra foram aprovados para participar da nova estrutura, com salários entre R$ 4.000 e R$ 4.600 e ensaios diários, em período integral.
Os membros da Osesp que não foram aprovados, ou não quiserem participar da nova estrutura formam a Filarmônica do Estado de São Paulo, com salário médio de R$ 1.500 e ensaios diários em meio período.
Para preencher as vagas restantes, a Osesp abriu o concurso que está sendo realizado nesta semana, com 250 inscritos.
Até a última quarta-feira, já haviam sido realizados os exames dos naipes de cordas e madeiras.
O pior desempenho foi a seleção para violinistas: dos 46 inscritos, 34 candidatos fizeram a prova, e apenas cinco foram aprovados.
A grande novidade é a entrada na orquestra de cinco músicos brasileiros que residiam no exterior e voltaram ao país especialmente para participar da seleção.
"Quero trazer de volta ao Brasil os instrumentistas nacionais de primeiro time que tocam nas grandes orquestras de fora", diz.
"Minha idéia não é fazer uma Filarmônica de Berlim aqui. Não sou xenófobo, mas acho que, com grandes músicos brasileiros, a orquestra pode desenvolver personalidade e sonoridade próprias".
A nova Osesp começa a ensaiar no próximo dia 18. Faz em seguida uma série de apresentações no interior do Estado, estreando na capital no dia 12 de setembro, no Memorial da América Latina, tendo como solista o violoncelista Antonio Meneses.
Nos últimos quatro meses deste ano, a Osesp vai fazer o mesmo número de concertos que foram feitos em 96: 35.
A expectativa é superar a tendência de queda na média de público, que, em 96, atingiu sua cifra mais baixa, com 388 espectadores por concerto.
Como a orquestra está com o efetivo muito baixo em alguns naipes -os violinos, por exemplo, são apenas dez-, Neschling pretende convidar alguns artistas estrangeiros para tocar na Osesp temporariamente.
Outros projetos da reformulação da Osesp incluem a reforma de sua nova sede, a sala Júlio Prestes, do Teatro São Pedro (que deve abrigar, a partir do início do próximo ano, uma série de música de câmera) e a criação da academia da Osesp.
"A idéia vem de Berlim, onde 80% dos músicos da filarmônica vêm da academia".

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