São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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DEMANDA PELA PAZ

A maioria dos israelenses é a favor de um acordo de paz com os palestinos, apesar da onda de violência e do crescente confronto verbal entre as autoridades dos dois lados.
É o que apontou uma pesquisa (o "Índice da Paz", da Universidade de Tel Aviv) feita no próprio dia do atentado contra um mercado de Jerusalém, em que dois terroristas-suicidas mataram 13 pessoas.
Fica evidente por esse dado que, mesmo com as emoções compreensivelmente levadas ao apogeu, a maioria dos israelenses quer encerrar o secular conflito com seus vizinhos palestinos. Estes, aliás, em pesquisas anteriores, já haviam manifestado a mesma inclinação.
São dados que deveriam sugerir aos líderes das duas sociedades que o caminho para a paz passa pelo isolamento do terrorismo.
Por parte dos israelenses, não é aceitável comparar Iasser Arafat a governantes de países que, sabidamente, dão respaldo a organizações terroristas. Atribuir ao líder palestino a culpa pelo atentado ao mercado nada mais é que desconhecer a própria história do terrorismo.
Em 1968, o mesmo mercado foi destroçado por um carro-bomba e morreram mais pessoas (18) do que no crime recente. Naquela época, Israel tinha total controle dos territórios hoje administrados por Arafat e nem por isso conseguiu prevenir o ataque ou prender seus autores.
Do lado palestino, Arafat e seus imediatos precisam deixar de contemporizar com o terrorismo, seja por medo de perder o suporte de grupos como o Hamas, que é ao mesmo tempo organização política e braço armado, seja por acreditar que, na hipótese de uma intransigência israelense, a violência será sempre uma arma de reserva.
Não é, como a história do conflito na região cansou de mostrar. Enquanto o terrorismo for uma espécie de convidado oculto à mesa de negociações entre as legítimas autoridades das duas partes, não poderá haver o que a maioria deseja -a paz.

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