São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997 |
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Liberalismo de geladeira
MARTA SALOMON Brasília - Vai morrer na praia a proposta dos pefelistas de incluir no programa de campanha à reeleição de Fernando Henrique Cardoso a privatização da Petrobrás e do Banco do Brasil.Não que os "sociais-democratas" que rodeiam o presidente tenham aversão à idéia, defendida anteontem pelo presidente do PFL, deputado José Jorge, numa reunião de partidos liberais, em Salvador. Tampouco é intocável o compromisso de não privatizar a Petrobrás, assumido por FHC em troca de votos no Congresso para quebrar o monopólio do petróleo. A privatização do Banco do Brasil chegou a ser defendida pelo futuro presidente do Banco Central, Gustavo Franco, que agora faz silêncio sobre o assunto. Em resumo, é tudo uma questão de oportunidade. O debate sobre a privatização das duas estatais é considerado muito inoportuno pelo governo. E será mais inoportuno ainda na época da campanha, raciocinam interlocutores de FHC. O raciocínio completo, tirado da teoria geral dos marqueteiros políticos, é mais ou menos o seguinte: "Programa de governo é feito para ganhar eleição". A experiência da queda de popularidade do governo na época da venda da Vale do Rio Doce ainda não foi esquecida e manda que se dê um gelo na privatização da Petrobrás e do Banco do Brasil. De concreto, a privatização do Banco do Brasil é considerada uma questão de tempo. Pode até demorar mais que os quatro anos de um eventual segundo mandato de FHC. Enquanto falta "clima" para debater a privatização da Petrobrás, técnicos do governo estudam a venda de uns 3% das ações da estatal para reduzir a participação da União na estatal ao mínimo necessário -os 51% que garantem o controle da empresa. Os pragmáticos tucanos acham que a questão fica bem resolvida assim. Os pragmáticos pefelistas certamente não se incomodarão. Texto Anterior: O Napoleão do BC Próximo Texto: Polícia e justiça Índice |
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