São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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América em Sínodo

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

É uma realidade com a qual, pouco a pouco, vamos nos familiarizando. Trata-se da convocação feita pelo papa João Paulo 2º aos bispos dos vários continentes, em preparação ao Grande Jubileu do ano 2000 e ao terceiro milênio.
Além do programa para três anos que está dinamizando a vida eclesial em todo mundo, cada continente contribuirá, oferecendo suas reflexões e propostas em vista da Nova Evangelização que possa atingir a todos, com novo ardor, e promover uma vivência mais coerente da mensagem de Jesus Cristo.
Neste ano, de 16 de novembro a 12 de dezembro, reúne-se em Roma o Sínodo da América. Cardeais e presidentes de conferências episcopais são membros de direito. Participam, também, representantes eleitos em número proporcional aos membros do episcopado de cada país. Na última assembléia da CNBB foram escolhidos 15 bispos.
As três conferências episcopais de Medellin (1968), Puebla (1979) e Santo Domingo (1992) destinavam-se à América Latina e ao Caribe. Espera-se muito deste Sínodo que oferecerá, pela primeira vez, a oportunidade de um encontro fraterno entre bispos de todos os países da América.
O tema central, aprovado pelo papa João Paulo 2º, tem como título "Encontro com Jesus Cristo vivo, caminho de conversão, comunhão e solidariedade para os povos da América", em continuidade com os documentos conciliares e os sínodos posteriores ao Vaticano 2º.
Particular importância há de merecer a ação missionária da igreja, com especial atenção aos católicos batizados e não praticantes que são maioria no Brasil e na América Latina. Nesse sentido, já existe uma intensa atividade de equipes paroquiais que fazem visitas domiciliares a famílias e pessoas afastadas, convidando-as a participar da vida das comunidades.
Serão analisadas, por um lado, a indiferença religiosa e secularismo que marcam certos ambientes e, por outro, a religiosidade popular e o despertar da busca de sentido da vida, a sede de Deus e o forte apelo à oração.
Sob a inspiração e incentivo do Santo Padre cresce o anseio do diálogo ecumênico e inter-religioso que, respeitando a identidade das igrejas e grupos religiosos, favoreça o conhecimento e auxílio mútuo e, à luz da fé em Deus, promova a cultura da vida, os valores comuns da dignidade da pessoa, da família e da justiça e paz entre os povos.
A Nova Evangelização inclui a preocupação com as situações concretas sociais e políticas. Assim, estarão presentes na pauta: a grave desigualdade econômica, a corrupção difusa em vários países, a dívida externa, o drama do narcotráfico, o desafio do desemprego, a condição dos migrantes e das populações indígenas e os nefastos efeitos da política neoliberal.
Prioritário, no entanto, será o empenho conjunto para intensificar a fé em Deus, revelado por Jesus Cristo. É Ele que nos salva do pecado e da morte, reforça a esperança na vida eterna e nos conclama à prática da caridade que vence discriminações e violência e nos leva ao perdão e reconciliação fraterna.
Confiamos à proteção de Nossa Senhora de Guadalupe e à oração das comunidades o próximo Sínodo que, esperamos, possa contribuir para a concórdia entre povos e países em nosso continente.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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