São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997 |
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Militante homossexual contará hoje ao filho
AURELIANO BIANCARELLI
Se o filho aparecer, vai conhecer o companheiro com quem o pai vive há 14 anos. Vai saber também que o pai é um militante homossexual e que sua casa, no bairro de Magalhães Bastos, zona oeste do Rio, é sede de um dos maiores grupos gays do país, o Atobá. O filho, de 16 anos, nunca foi informado que o pai é homossexual. "É possível que saiba, mas ele nunca me viu com companheiros, nem falei com ele a respeito", afirma Fernandes. Por um acordo com a ex-mulher, coube a ela contar ao menino, o que pode ter acontecido nesta semana. Fernandes, que dá aulas para o 2º grau, já foi presidente do Atobá quatro vezes. Antes de se decidir pela visita do filho, ele conversou longamente com a psicóloga que atende o grupo. "Minha preocupação e a da mãe dele é a de que o filho venha a se afastar de mim ou que o choque possa prejudicar seus estudos", diz Fernandes. "Mas tenho certeza que, com o tempo, ele entenderá e aceitará minha opção." Fernandes separou-se no terceiro ano de casamento, assim que o filho nasceu. Ele diz que as relações com a ex-mulher sempre foram amigáveis e que acompanha e visita o filho como qualquer outro pai. Ele acha que o encontro com a realidade permitirá uma nova relação com o filho. Assim, poderá levá-lo mais vezes para a casa, como fazem muitos homossexuais que têm filhos e que andam de mãos dadas com eles. Neste domingo, por exemplo, Fernandes diz que a casa vai estar tomada por mais de cem homossexuais e que muitos deles levarão os filhos. Texto Anterior: Publicitário chama namorada de 'amiga' Próximo Texto: Tempo na prisão vira viagem Índice |
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