São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Economistas prevêem menor crescimento

MAURO ARBEX
DA REPORTAGEM LOCAL

A redução da atividade em alguns setores da economia, os altos índices de desemprego e a queda da inflação devem frear o crescimento do país neste ano, mas ainda estão longe de indicar um quadro recessivo nos próximos meses. Essa a opinião da maioria dos economistas consultados pela Folha.
Há um consenso de que o governo conseguiu o que queria: baixar a pressão da demanda por produtos que têm impacto direto no aumento de importações -com efeitos nocivos na balança comercial-, como eletroeletrônicos e automóveis, sem ter de adotar medidas duras de freio ao consumo.
"As nossas projeções agora são de que haverá redução moderada do crescimento neste segundo semestre", afirma Luciano Coutinho, professor de Economia da (Unicamp) Universidade de Campinas. Caso o ritmo do primeiro semestre se mantivesse, o (PIB) Produto Interno Bruto poderia crescer até 5% no ano, estima Coutinho. Agora, prevê, deve aumentar cerca de 4%.
"O que interessa ao governo é manter aquele leito morno. Nem tão quente que estoure a balança comercial, nem tão frio que provoque um desgaste político e social", diz o professor da Unicamp.
Para o deputado Delfim Netto (PPB-SP), ex-ministro da Fazenda, "o governo teve sucesso no objetivo de baixar o ritmo de crescimento". Mas ele não acredita num desaquecimento ainda maior neste segundo semestre. "Deve ocorrer uma mudança na estrutura da demanda", que estava concentrada antes no consumo de bens duráveis, como eletrodomésticos e automóveis.
O deputado aposta que o PIB neste ano cresça no máximo 3% a 3,5%. "É insuficiente para um país como um Brasil, mas suportável com o pequeno crescimento populacional", diz.
Uma expansão mais lenta também é a expectativa do professor Eduardo Giannetti da Fonseca, da FEA (Faculdade de Economia e Administração), da USP. "A não ser que haja uma crise cambial, que obrigue o governo a pisar no freio, aumentar os juros e restringir o crédito", diz.
Segundo ele, os dois primeiros anos do Real foram marcados pela política do "stop and go", ou seja, movimentos abruptos de expansão e contração da atividade. "No terceiro e quarto anos do plano, a política deve ser de aterrissagem suave e baixo nível de expansão."
"O Brasil deveria estar crescendo a taxas mais elevadas, já que está absorvendo muita poupança externa. O problema é que esses recursos vêm sendo usados para financiar as contas do governo."

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