São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Herdeiros dão duro na empresa do pai

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles não têm a rebeldia dos jovens de 20 e poucos anos. Filhos de empresários de destaque, já começam a arregaçar a manga da camisa e trazer novas idéias à empresa familiar.
Poucos pensam em substituir, brevemente, o pai -que comemora seu dia hoje. Trabalham para conseguir resultado e são cobrados em casa por isso.
André Szajman, 25, vice-presidente do grupo VR e filho de Abram Szajman, diz que a casa é o "segundo escritório" e as discussões lá contam ainda com as opiniões da mãe.
Atualmente, ele não tem do que se queixar. Desde o final de 1994, quando o irmão mais velho, Cláudio, e ele assumiram as vice-presidências, o faturamento pulou de US$ 600 milhões para US$ 1,8 bilhão e o grupo ganhou novas atividades.
"Mudamos o foco de atuação da empresa, que quer levar mais benefícios (vales, cestas de alimentos e seguros) aos clientes", diz André.
Rubens Eduardo de Almeida Varella, 25, também já trouxe suas novidades. Mudou a concepção dos plantões de venda da imobiliária do seu pai, a Varella.
"Os corretores agora passam por todos os plantões de venda e conhecem todos os produtos da casa. Fica mais fácil vender", diz o herdeiro, que ocupa a diretoria de vendas da imobiliária.
Os pais, dizem eles, dão liberdade na gestão da empresa para os futuros herdeiros, mas cobram maiores resultados.
"Por ser da família, você precisa mostrar desempenho melhor, comprovado por números", diz Antônio Carlos de Oliveira Dias Filho, 26, neto de José Eduardo Andrade Vieira.
Formado em direito, Dias era um dos netos em treinamento para assumir uma das empresas da família Andrade Vieira. Os planos foram interrompidos com a venda do Bamerindus e agora ele trabalha com a mãe, numa empresa de marketing.
Apesar das divergências -nem sempre reveladas- sobre os problemas de gestão, os herdeiros acham que os pais têm direitos morais para cobrar resultados.
Rodrigo Cid Ferreira, 26, filho de Edemar Cid Ferreira, dono do banco Santos, diz que o pai lhe ensinou a trabalhar com grande atenção em relação aos clientes, como se fossem parceiros. "É a lição que ele deixa", afirma.
Lazer
Em troca do sucesso profissional, muitos dos herdeiros abrem mão de atividades sociais típicas de jovens endinheirados.
"Já me acostumei a não poder viajar com os amigos nos finais de semana porque preciso trabalhar na imobiliária", diz Varella.
Ele afirma, ainda, que só consegue tirar férias de, "no máximo", 10 a 15 dias por ano. "Não dá para sair", diz.
Szajman lembra que, enquanto seus amigos se vestiam descontraídos para ir à faculdade de administração, ele já usava terno e gravata. "Era diferente porque eu já pensava no trabalho."

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